quinta-feira, 27 de março de 2008

Ipea prevê alta entre 4,2% e 5,2% do PIB


- A economia brasileira deve crescer entre 4,2% e 5,2% este ano, mais uma vez impulsionada pelo consumo, prevê o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A instituição, ligada ao Ministério do Planejamento, sugere que a ponta mais baixa será atingida se a crise norte-americana afetar significativamente o País.

O prognóstico consta da primeira edição deste ano da Carta de Conjuntura do Ipea e está ligeiramente abaixo da expansão de 5,4% apurada em 2007. O mercado projeta, segundo o relatório Focus do Banco Central, um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5%. Independentemente de cenário, o Ipea acrescenta que a forte expansão do ano passado já estabelece para 2008 um carry over de 2,5%.

De acordo com o coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, Marcelo Nonnenberg, a recessão americana pode atingir o Brasil de várias maneiras: "Com a retração no ingresso de capitais no País – devido ao aumento da aversão global ao risco –, pela queda da atividade mundial, que diminuiria as exportações brasileiras; e também em função da queda no preço das commodities." Caso o ingresso de capitais seja menor do que se imagina, diz Nonnenberg, a economia brasileira pode ser afetada via taxa de câmbio. "Portanto, com efeito na inflação", acrescenta.

Além dos desdobramentos da crise, o estudo do Ipea também atrela as projeções de crescimento da economia brasileira à possibilidade de a demanda superar a oferta. E aponta que desde 2006 a indústria nacional aumenta a capacidade de produção, que atingiu picos históricos no ano passado.

"Esse processo parece ter-se esgotado, visto que os níveis de utilização da capacidade atingiram valores acima do pico histórico, o que pode ser reflexo da incapacidade da oferta em atender a demanda, pressionando os preços", explica Nonnenberg.

Ainda segundo a Carta de Conjuntura, a expansão do PIB esperada para este ano deverá ser influenciada pela manutenção da demanda interna aquecida, como aconteceu no ano passado. "Acreditamos que a demanda doméstica – gastos do governo, consumo pessoal e investimentos – continuará crescendo a um ritmo próximo ao atual", acrescenta. Em relação ao consumo das famílias, a previsão otimista está sustentada "no aumento do emprego, da renda e do crédito".

Segundo o documento do Ipea, o crescimento do consumo privado neste ano vai variar entre 6,1% e 6,7% e o consumo do governo, entre 3% e 3,5%. A inflação medida pelo IPCA (índice oficial) deve ficar entre 4% e 5%. Esta é a primeira vez que o Ipea divulga a previsão em faixas.

Componentes do PIB

O prognóstico do Instituto para o setor agropecuário é de entre 3,6% e 4,4% neste ano. A previsão para a indústria é de uma faixa de alta de 4,5% a 5,3% e a estimativa para o setor de serviços é de avanço de 3,9% a 4,9%.

A formação bruta de capital –-uma medida dos investimentos – deve crescer no ano entre 12,4 % e 14,1%. Por sua vez, o prognóstico para a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de entre 4% e 5%.

O Ipea projeta um superávit comercial de US$ 23,8 bilhões a US$ 27,3 bilhões em 2008. Essa estimativa é mais pessimista que a do mercado, que se situa em US$ 28,77 bilhões.

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