A desvalorização do real em 17,1% em setembro fez bem para as contas do setor público. Os gastos com pagamentos de juros caíram e houve ganhos com operações de swap cambial, o que contribuiu para a formação de um superávit nominal de R$ 3,9 bilhões no mês. O resultado foi o melhor para setembro em toda a série histórica, iniciada em 1991. "Os juros nominais apresentaram uma queda acentuada no período e a principal causa disso é o resultado dos swaps feitos pelo BC, de R$ 6,5 bilhões em setembro", explicou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel. Os resultados envolvem o governo central, estados e municípios.
O resultado do superávit primário em setembro foi de R$ 10 bilhões, praticamente o mesmo de agosto, de R$ 10,1 bilhões. Os gastos com juros nominais, no entanto, caíram fortemente: tinham chegado a R$ 12,5 bilhões em agosto e ficaram em R$ 6,1 bilhões em setembro. Dessa forma, assim como setembro apresentou superávit nominal de R$ 3,9 bilhões, em agosto foi registrado déficit nominal de R$ 2,3 bilhões. Setembro foi o quarto mês de 2008 a apresentar superávit nominal. Antes, já havia ocorrido em janeiro (R$ 5,5 bilhões); março (R$ 3,9 bilhões) e abril (R$ 3,8 bilhões).
Dados do BC detalham a evolução da dívida líquida, que atingiu saldo de R$ 1,12 trilhão em setembro (38,3% do PIB); frente R$ 1,18 trilhão em agosto (40,4% do Produto Interno Bruto). A queda de R$ 55,5 bilhões foi, portanto, de 2,1% do PIB de um mês para outro, o efeito cambial foi o que mais pesou. "A queda da dívida líquida 1,6% refere-se exclusivamente a desvalorização cambial", disse Maciel. Para outubro, o BC prevê que a relação entre dívida e PIB deve cair para o patamar de 37%. Nessa projeção foi considerada taxa de câmbio de R$ 2,11 por dólar.
Resultado primário
A dívida bruta do governo geral atingiu R$ 1,65 trilhão em setembro (56,3% do PIB), frente R$ 1,63 trilhões (55,9% do PIB) em agosto. Enquanto que o fluxo acumulado do resultado primário do setor público entre janeiro e setembro registrou superávit de R$ 118 bilhões, ou 5,59% do PIB. É o melhor resultado desde 1994, quando o superávit primário dos nove primeiros meses do ano representou 5,92% do PIB. Em igual período de 2007, o superávit era de R$ 101 bilhões, representando 3,97% do PIB. Já o déficit nominal no fluxo acumulado entre janeiro e setembro deste ano chega a R$ 7 bilhões, ou 0,33%, o melhor percentual de toda a série histórica. Nos nove primeiros meses do ano passado, o déficit nominal somava R$ 28,1 bilhões, ou 1,5% do PIB.
Meta anual
O fluxo de recursos em 12 meses indica que o superávit primário atingiu R$ 128 bilhões, ou seja, 4,60% do PIB. Está praticamente garantido, portanto, que o País irá superar a meta de superávit primário de 4,3% do PIB. Também no acumulado em 12 meses, o déficit nominal soma R$ 36,8 bilhões, ou 1,32% do PIB, o percentual mais baixo de toda a série. O fluxo em 12 meses, portanto, está abaixo da projeção indicada pelo próprio BC em setembro, que estimava déficit nominal de 1,65% no ano.