sábado, 21 de junho de 2008

Eleição interna da CNA vira crise e chega à polícia


A disputa pela presidência da CNA (Confederação Nacional de Agricultura) foi parar na delegacia de polícia. A entidade máxima dos produtores rurais brasileiros está em pé de guerra. Uma guerra que opõe dois grupos. Nesta sexta-feira (20), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), candidata à presidência da CNA, protocolou na Polícia Civil de Brasília uma representação. Ela sustenta que o seu correio eletrônico privativo foi “violado”. Está convencido de que foi vítima de crime de “violação de privacidade e de correspondência”.

Embora não o cite na representação, a senadora aponta na direção de Fábio Meirelles, atual presidente da CNA, que disputa a reeleição. Em diálogos reservados que manteve com seus pares na CNA, Kátia Abreu atribui a Meirelles a “invasão” de sua caixa de e-mail. Há mais.

A própria Kátia Abreu e outros dirigentes da CNA abordaram Fábio Merielles sobre o tema. Foi uma conversa tensa. Meirelles negou as acusações. A representação da senadora foi recebida pelo delegado Érico Vinicius Mendes. É diretor-adjunto da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado da polícia de Brasília. De resto, à revelia de Meirelles, três diretores da CNA bloquearam o sistema de computação da entidade e mandaram lacrar a sala de controle do Centro de Processamento de Dados.

Justificaram o gesto com o argumento de que é preciso evitar que seja apagado o rastro da suposta “violação” do computador de Kátia Abreu. Assinam a decisão: a própria Kátia, que ocupa na CNA a função de “vice-presidente de secretaria”; Renato Simplício, primeiro vice-presidente, e Pio Guerra, diretor-executivo. A crise trouxe a Brasília, nesta sexta-feira, 13 dos 27 presidentes de federações estaduais da CNA. Decidiram convocar para a próxima segunda (23) uma reunião de emergência do conselho da entidade.

Vai à mesa a proposta de contratar a empresa de auditoria Price Waterhouse, para inspecionar o sistema informatizado da CNA. Instado a assinar a autorização para que a Price fosse contratada, Fábio Meirelles esquivou-se a fazê-lo. Daí a convocação do conselho. Na origem da controvérsia está uma carta de apoio de seis presidentes de federações de agricultura em apoio à candidatura de Kátia Abreu, contra Meirelles.

O texto foi elaborado no dia 9 de junho, em Salvador (BA). No mesmo dia, a convite da federação baiana de agricultura, Kátia Abreu fez uma palestra na cidade. Foi informada sobre a carta, mas como faltava uma assinatura, só recebeu o texto dias depois, por e-mail. É esse documento que a senadora diz ter sido extraído clandestinamente de sua caixa de correio.Um dos signatários da carta contou à senadora ter sido procurado por emissário de Meirelles para instá-lo a retirar a assinatura do texto.

De resto, passaram a circular a informação de que Kátia Abreu estaria se servindo da estrutura da CNA para fazer sua campanha. A senadora subiu nas tamancas. E decidiu levar o caso da “invasão” de seu e-mail à polícia. O que levará à praça pública uma refrega que, até aqui, vinha sendo travada longe da platéia alheia ao agronegócio. A eleição para a presidência da CNA só vai ocorrer em novembro. Serão mais cinco meses de guerra. Uma guerra que era fria. Mas que começa a esquentar. Do Josias

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