quinta-feira, 12 de junho de 2008

Para Lula, ataques visam à candidatura de ministra


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ontem a candidatura da ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, a presidente da República na sua sucessão, durante reunião com o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), o ministro dos Esportes, Orlando Silva e o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. Em almoço no Palácio da Alvorada para discutir as Olimpíadas do Rio, Lula disse que os ataques a Dilma acontecem porque ela é candidata do PT a presidente, em 2010.

Na mesma conversa, o presidente disse que Denise Abreu, ex-diretora da Agência de Aviação Civil, que fez as denúncias. Ainda de acordo com relatos dos participantes, Lula teria dito que não havia razões para se preocupar com o depoimento, já que a venda da Varig foi toda feita com base em decisões judiciais. Ele apenas estranhou os holofotes virados para Denise Abreu, que deixou a Anac após a crise aérea, quando a competência de toda a diretoria foi colocada em xeque por uma grande parcela da sociedade. Na época, Denise foi criticada por posar fumando um charuto em uma festa de casamento em Salvador. "Querem transformar uma desqualificada em heroína", teria reclamado o presidente, em defesa de Dilma Rousseff.

A Presidência da República trabalhou muito para municiar os líderes governistas para a audiência de Denise Abreu e até o ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi mobilizado para reunir documentos. Na terça-feira, os aliados receberam documentos reunidos pelo Ministério da Defesa buscando mostrar a lisura do negócio. No mesmo dia, o ministro Nelson Jobim foi pessoalmente ao Rio, conversar com juiz da 8 Vara Empresarial, Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig. Queria obter mais detalhes sobre o caso, para ter ainda mais elementos para desqualificar Denise Abreu. Segundo alguns relatos , o ministro gostou do que ouviu, já que Ayoub repetiu tudo o que tem dito e que passou a ser a argumentação do Palácio do Planalto para remeter as explicações sobre o caso à Justiça. O juiz disse que todo o processo transcorreu dentro dos limites da legalidade.

Antes do depoimento de Denise Abreu começar, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, classificou de absurda as afirmações de que as agências reguladoras não podem conversar com o governo. "Têm agências que conversam com empresas. Se querem independência de fato, que funcionem em Hong Kong", completou Bernardo.

Ao final do depoimento, a avaliação da Presidência era de que tanto a crise quanto Denise Abreu saíram do Senado menores do que entraram. Os líderes governistas destacaram que a ex-diretora não conseguiu provar que sofreu pressão da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para assegurar a venda da Varig para a VarigLog.

Um petista que passou ontem pelo Planalto afirmou, à saída, que a oposição "cutucou a onça com vara curta e, agora, Lula vai partir com tudo para cima deles". Isso significa uma intensificação ainda maior da defesa de Dilma perante os políticos e a sociedade. A tendência é de que ela ganhe ainda mais força.

Na terça-feira, ela demonstrou sua influência ao participar de um evento com a candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy. "Quanto menos briga tivermos para escolher nosso candidato em 2010, melhor. A oposição, coitada, só nos ajuda agindo assim", disse o petista. Para ele, Dilma entrou no clima eleitoral para cercear os espaços de atuação do pessebista Ciro Gomes (CE) e da petista Marta Suplicy. Mas as coisas mudaram de contexto. "Quanto mais ela apanhar, mais forte vai ficar".

No Planalto, houve ironia em relação à mala de documentos que pesaria mais de 30 quilos, para a qual Denise Abreu teria pedido segurança. "Ela nem sequer foi aberta", destacou um assessor palaciano. Outro ponto destacado foi o "recuo" em relação à pressão exercida por Dilma sobre ela para que aprovasse a venda da Varig para a VarigLog. "Ela diz que não aceita ordens de ninguém, que Dilma não a mandou fazer nada. Mais à frente, diz que só de entrar no Planalto as pessoas se sentem intimidadas. A pressão política transformou-se em pressão psicológica", ironizou outro assessor.

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