quarta-feira, 16 de abril de 2008

Pré-sal muda planos da Petrobras


As descobertas abaixo da camada de sal deverão mudar o rumo dos investimentos da Petrobras, devido ao alto custo envolvido nos projetos de áreas recém-descobertas na Bacia de Santos. A conclusão é do novo diretor da Área Internacional da estatal, Jorge Zelada, ao confirmar que até mesmo os investimentos no exterior poderão ser reduzidos para reforçar o caixa da empresa, caso o potencial de acumulações como Tupi, Júpiter e Carioca – citado pelo diretor da Agência Nacional de Petróleo, haroldo Lima – sejam confirmadas. A revisão não deverá comprometer, no entanto, os esforços da companhia para ampliar a capacidade de refino no exterior, por meio de aquisições de ativos como a refinaria de Aruba, negociada atualmente com a americana Valero.

A Petrobras prevê investir US$ 115 bilhões entre 2008 e 2012. Do total, US$ 15 bilhões serão voltados para a área internacional. A intenção da companhia é de ampliar a atual capacidade de refino no exterior dos atuais 150 mil barris/dia para 330 mil barris/dia até 2011.

Ao todo, 25% dos investimentos serão destinados ao aumento da capacidade de refino da empresa no exterior, enquanto outros 70% visam a aumentar a produção de cru. Hoje, a Petrobras está presente em 27 países, dos quais os Estados Unidos respondem por 32% do total.

A revisão dos projetos internacionais não deverá ocorrer devido apenas ao alto custo do chamado pré-sal. Zelada admitiu que a empresa deverá rever investimentos em países cuja rentabilidade não se adequar às metas traçadas.

Um exemplo, de acordo com o executivo, é o Equador, cujo governo manifestou a intenção de aumentar a taxação de royalties sobre as operadoras estrangeiras de 50% para até 99% do total da produção. Embora tenha assegurado que a empresa ainda negocia com o governo de Rafael Correa uma solução de consenso, Zelada disse que a estatal teve de ir à Justiça equatoriana para baixar a cobrança para os atuais 90%.

Ministério Público investiga

Ontem, o executivo foi apresentado oficialmente como novo diretor da área Internacional da Petrobras, após quase um ano de negociações políticas para nomeá-lo. Indicado pelo PMDB, no bojo das conversas do partido com o Planalto para ocupação das estatais, o novo diretor teve a indicação articulada por um grupo liderado pelos deputados do PMDB Eduardo Cunha (RJ) e Fernando Diniz (MG).

Ainda pouco à vontade no cargo, Zelada procurou evitar a polêmica em torno da acumulação batizada de Carioca, no pré-sal da Bacia de Santos, anunciada pelo diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, como cinco vezes maior que o megacampo de Tupi, com capacidade para 33 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). O anúncio provocou uma alta abrupta das ações da companhia, o que resultou em pedido de explicações pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em comunicado divulgado ontem, a CVM esclarece que, quando há divulgação de informações sobre companhias abertas por pessoas que não façam parte de sua administração ou que não sejam seus porta-vozes, a instituição apura os atos da empresa. Segundo o documento, a autarquia ainda analisa os fatos.

Já o Ministério Público Federal do Rio abriu procedimento administrativo para apurar as declarações de Haroldo Lima

As declarações repercutiram ontem também no mercado acionário europeu, onde são negociados papéis de parceiras da Petrobras. Na Bolsa de Londres, a ação do BG Group valorizou-se 5,40%, e a Royal Dutch Shell subiu 1,69%. Já os papéis da espanhola Repsol-YPF foram os que mais se destacaram, com valorização de 9,28%.

Será na África, no entanto, que a empresa começará a ampliar a produção atual de 245 mil barris diários no exterior. O diretor também anunciou que espera iniciar a produção nos campos de Agbami e Akpo, na Nigéria, entre o início do segundo semestre e o fim do ano. O primeiro, onde a companhia detém 13%, será responsável por uma produção de 30 mil barris diários. Em Akpo, onde a participação chega a 20%, a expectativa é ainda maior, de produzir 80 mil barris/dia.

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