terça-feira, 10 de novembro de 2009

A moça da Universidade Taleban

Após o escândalo em que esteve envolvida a aluna do curso de turismo da Uniban, Geisy Arruda, de 20 anos, que chegou a ser expulsa da faculdade por ir à aula com um vestido curto, duas universidades ofereceram bolsa para que a jovem concluísse seus estudos.

A faculdade particular afirmou, em anúncio publicado nos jornais no domingo (8), que a aluna frequentava “as dependências da unidade em trajes inadequados, indicando uma postura incompatível com o ambiente da universidade”. Nesta segunda (9), a Uniban revogou a decisão e aceitou ela de volta, para que continue os estudos no campus de São Bernardo do Campo, no ABC.

O advogado Nehemias Domingos de Melo, que defende Geisy, contou na noite desta segunda que ficou "maravilhado" ao saber que uma universidade em Ribeirão Preto e outra em Porto Alegre abriram suas portas para a cliente dele. "Foram ofertas para estudar na área dela, com bolsa integral. Nem esperava. É uma manifestação de carinho e receptividade", contou Melo, que não revelou o nome das instituições.

Até as 21h desta segunda, o advogado não havia recebido "oficialmente" o comunicado da Uniban de que Geisy havia sido aceita novamente entre os alunos. Ele disse que soube da notícia pela imprensa e demonstrou cautela. "Preciso que ela retorne com a garantia de segurança."

O drama de Geisy começou no dia 22 de outubro, quando ela foi à aula com um vestido rosa curto. Vídeos foram colocados na internet, mostrando os alunos hostilizando e humilhando a garota. Ela só conseguiu deixar a universidade após a chegada da polícia. Vestiu um jaleco comprido na ocasião.

Entrevista coletiva

Melo contou que as propostas das universidades surgiram na própria tarde de segunda, logo após ele e a estudante concederem uma coletiva para a imprensa no Centro de São Paulo. Lá, sem saber da decisão da Uniban, o advogado anunciou que entraria na Justiça a fim de garantir os estudos da cliente.

“Vou tentar obter uma liminar que garanta à Geisy concluir o semestre (na Uniban)”, afirmou. Neste momento, diante de uma sala pequena e lotada de jornalistas, a garota se emocionou. “Minha vontade agora é terminar o curso e me formar em turismo. Continuo a acreditar que existe Justiça neste país”, disse ela, que começou o curso em São Bernardo em fevereiro.

A jovem disse que, mesmo se conseguir terminar o semestre na Uniban, quer mudar de universidade no ano que vem. “Por medo e por minha segurança, pretendo escolher outra faculdade.”

Geisy chegou ao escritório de Melo por volta das 15h, vestindo blusa frente única vermelha e calça apertada. Questionada pelos jornalistas, voltou a dizer que não vai mudar a forma de ser e que sempre gostou de usar “calças apertadas”.

Sindicância

A Uniban instaurou uma sindicância para apurar o caso e anunciou, junto com a expulsão de Geisy, a suspensão de um grupo de alunos. O advogado da estudante criticou a forma como a instituição de ensino fez a investigação.“Essa sindicância foi unilateral. Não sei o que consta dela (a defesa da jovem diz que não teve acesso às informações), que pessoas foram ouvidas. A Geisy foi julgada sumariamente e não teve direito à ampla defesa”, afirmou Melo. A estudante negou que tenha sido “alertada” pela direção da instituição sobre seu suposto comportamento irregular, como a Uniban informa na nota publicada na imprensa. “Ninguém nunca falou da minha forma de vestir. Se tivessem me barrado alguma vez, eu teria, humildemente, voltado para casa.”

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