quarta-feira, 25 de novembro de 2009

EUA apoiam eleição em Honduras e deixam o Brasil "decepcionado"

O Brasil explicitou ontem a divergência com os EUA em relação a Honduras. O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélia Garcia, se disse "frustrado e decepcionado" com a decisão do governo Barack Obama de reconhecer a eleição em Honduras mesmo sem o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya.

A posição americana, que já era conhecida, mas que não tinha sido formalizada por Washington, ficou clara numa carta enviada por Obama ao presidente Luis Inácio Lula da Silva no domingo. Nela, segundo Garcia, Obama diz que as eleições vão "zerar" a crise política em Honduras.

"Até agora há um certo sabor de decepção que nós esperamos que seja revertido", disse Garcia. "Isso está provocando uma certa frustração", acrescentou.

Obama se recusou a apoiar a proposta de adiamento das eleições hondurenhas, feita pelo Brasil. As autoridades brasileiras esperavam ganhar tempo para que os negociadores de Zelaya e do presidente interino, Roberto Micheletti, pudessem chegar a um acordo que restituísse o presidente deposto ao poder. Desde que retornou a Honduras, em 21 de setembro, Zelaya continua entrincheirado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

O governo brasileiro mantém a posição de não reconhecer as eleições. Lula também já reafirmou que o Brasil não mudará a postura diplomática, não reconhecendo também o governo que sairá das eleições do próximo domingo.

A Argentina e a Espanha assumiram abertamente uma posição semelhante nos últimos dias.

Analistas creem que, após a posse do presidente eleito em Honduras, em 27 de janeiro, a tendência é de os países gradativamente reconhecerem o governo do país, já que o mandato de Zelaya já teria expirado de qualquer maneira - o que tornaria impossível exigir sua volta.

Apesar de não falar em um "racha" em relação a Washington, o governo brasileiro já começa a fazer críticas maiores em relação ao governo de Barack Obama.

Para Garcia, o clima positivo criado com a eleição de Obama "começa a se desfazer". Para ele, os EUA podiam ter feito mais pressão do que fizeram pela volta de Zelaya. "Eles poderiam ter utilizado pressões mais fortes, como usaram em outras situações." Garcia disse ainda que no caso da crise política hondurenha "há um nítido desacordo (dos EUA) com o Brasil".

O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, já havia dito que confiava no reconhecimento dos EUA em relação às eleições. "O Panamá já disse que nos reconhece. Os EUA irão nos reconhecer. Dois países que são importantes para nós: um próximo na região; o outro, o país mais poderoso do mundo", disse.

A carta de Obama também teria tratado de conferência climática a ser realizada mês que vem em Copenhague e da Rodada Doha de negociações comerciais.

Com relação à conferência do clima, Garcia criticou a falta de iniciativa dos EUA e o fato de o país não apresentar compromissos claros.

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