quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Após 7 anos, trecho oeste já tem remendos

O carro entra no Rodoanel, sentido Perus, pela rodovia dos Bandeirantes. Antes mesmo de o primeiro quilômetro ser percorrido, o engenheiro João Virgílio Merighi pede que o motorista pare no acostamento.

"Olha quantos remendos dá para ver neste trecho de 30 metros de estrada", diz o também professor do Mackenzie e da Unicamp. "O concreto usado na pista deveria durar por volta de 30 anos, mas antes de ele completar 25% de sua vida útil já tem sérios problemas."

Na faixa da direita, entre as placas de concreto que medem sete metros em média, são visíveis alguns quadrados de asfalto.

Os remendos -que também foram feitos de concreto em outros pontos- chegaram muito antes das três décadas previstas. O trecho oeste do Rodoanel foi totalmente entregue em outubro de 2002, a 16 dias da eleição daquele ano. A obra custou cerca de R$ 1,25 bilhão.

A convite da Folha, Merighi percorreu os 32 km do anel viário paulistano, nos dois sentidos. A trepidação percebida por todos dentro do veículo, não apenas pelo motorista ao volante, mereceu mais críticas por parte do especialista.
"Esse desconforto é sinal de que a obra foi mal feita, por falta de mão de obra e maquinário adequados. Mesmo que a segurança não seja comprometida, o piso afeta tanto o motorista quanto o carro", diz.

Como a manutenção da pista precisou começar muito antes dos 30 anos, o custo é algo que também preocupa o especialista. "Somos nós que estamos pagando essa conta", afirma. A garantia do trecho oeste, diz o governo, era de cinco anos.

No sentido sul, um pouco antes do trevo da rodovia Castello Branco, ele chama a atenção para outro fato: "Olhe agora como a trepidação e o desconforto auditivo provocado pelo atrito [entre] pista e pneu vão diminuir". Mais alguns metros e o silêncio é quase total. O piso é de asfalto, não de concreto.

Do lado direito está o condomínio Tamboré, com suas casas de alto padrão. Desde a inauguração do Rodoanel, os moradores da região tentam na Justiça diminuir o barulho que sai da estrada.

"É bobagem achar que a troca do concreto pelo asfalto vai diminuir o barulho para quem mora ao lado. Como em qualquer lugar do mundo, o importante é a barreira sonora, o que está sendo feito", afirma Ronaldo Vizzoni, da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), órgão do setor das empresas de concreto.Sobre os remendos e o desconforto observados no trecho oeste, o dirigente é categórico. "Houve problemas na execução e não na tecnologia usada. Tenho certeza de que no trecho sul o piso será muito melhor".Folha

0 Comentários em “Após 7 anos, trecho oeste já tem remendos”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --