também nas plantas. "A Petrobras pode ser a proprietária, mas pode também negociar um percentual de 10% ou 15% com a gente ou até outros investidores privados", explica Valdinei de Matos, presidente da Biopampa, cuja razão social é Cooperativa de Biocombustíveis da Região do Pampa Gaúcho. Matos esteve ontem em Porto Alegre com o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, com a presidente da Petrobras Distribuidora, Maria das Graças Silva Foster, para apresentar os projetos ao governador Germano Rigotto (PMDB).
Segundo Matos, ainda falta definir se a unidade de produção de biodiesel será em Bagé e Pelotas. O Frigorífico Mercosul está envolvido na iniciativa porque poderá fornecer sebo de origem animal como matéria-prima para a usina. "O sebo seria 30% da necessidade da usina e o restante seria girassol, mamona, soja, canola e amendoim que as famílias produziriam. Hoje temos 20 mil famílias organizadas e prontas para iniciar a produção, mas queremos chegar a 40 mil, plantando 105 mil hectares", diz Matos, lembrando que as negociações com a Petrobras iniciaram em maio, quando foi acertado um estudo de viabilidade econômica dos dois projetos, que devem estar em operação em 2008. O custeio das lavouras, diz o presidente da Biopampa, seria feito pela modalidade tradicional do Pronaf.
Já a unidade de Palmeira das Missões deve ser abastecida somente por oleaginosas, também beneficiando 40 mil famílias. Como ação complementar, a Petrobras e a Cooperbio pretendem instalar 10 micro-destilarias de álcool em outras cidades do Noroeste do estado. Além de cana-de-açúcar, o álcool seria produzido a partir de batata-doce e mandioca. Neste projeto, a Petrobrás prevê investir R$ 2,3 milhões, conforme memorando assinado ontem em Palmeira das Missões. O presidente da Cooperbio, Romário Comassetto, observa que também será responsabilidade das cooperativas o investimento nas unidades de extração de óleo.
Por meio de leilões de compra de biodiesel, a Petrobras já tem contratados 160 milhões de litros de usinas em instalações no Rio Grande do Sul. A Brasil Ecodiesel, que está sendo construída em Rosário do Sul com um investimento de R$ 20 milhões, vai entregar à estatal 80 milhões de litros/ano a partir do ano que vem. A BS Bios, de Passo Fundo, tem contrato de 70 milhões de litros também a partir de 2007. A unidade é orçada em R$ 37,5 milhões. Já a Oleoplan, de Veranópolis, vai entregar 10 milhões de litros, depois de um investimento de R$ 19,8 milhões.
Produção excedente
Segundo Sauer, esta série de projetos fará o Rio Grande do Sul ser fornecedor de biodiesel para outros estados, podendo até exportar. O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel estabelece a adição compulsória de 2% de biodiesel ao diesel convencional a partir de 2008. O percentual pode chegar a 5%, abrindo possibilidade para um crescimento ainda maior do mercado.