terça-feira, 31 de outubro de 2006

Lula soterra 3º turno com avalanche de 58.295.042 votos


Na democracia é assim: quem tem voto governa, quem tem juízo admite

Nas eleições de domingo, Lula venceu em 4.014 dos 5.565 municípios brasileiros. Sua votação cresceu em todos os Estados – mais 11 e meio milhões de votos -, enquanto a de Alckmin, caso inédito, caía 2 milhões e meio entre um turno e outro. A diferença entre os dois aumentou de 6.693.996 para 20.751.864 de votos, ou seja, mais do que triplicou. A maré popular açoitou a reação que, nem ela, em geral algo obtusa, deixou de perceber que não seria muito saudável continuar com a retórica golpista das vésperas da eleição.


Povo reelege Lula e repele, nas urnas, privatistas e golpistas

Dos 5.565 municípios, Lula venceu em 4.014 deles. Enquanto a votação de Geraldo Alckmin desceu, a de Lula aumentou em 11.632.677

Muitas vezes os números são usados para esconder, deformar e falsificar a realidade. Mas a culpa, já disse um presidente da República, não é dos números, mas dos charlatães, picaretas e escroques que os manipulam. Ou que, simplesmente, os falsificam: é o caso, por exemplo, daqueles assacados pelo doutor Alckmin, segundo os quais a lei de florestas daria concessões na Amazônia que, no total, seriam do tamanho de “dez Estados do Acre”. Ou seja, 12 vezes a área verdadeira que consta da lei – que ele deve conhecer muito bem, pois sua aprovação foi garantida não pelo PT nem pelo PMDB, mas pelo PSDB.

DEBATES

Mas deixemos o submundo da política, ou a política do submundo, e vejamos alguns números reais sobre as eleições de domingo, que esboçam um quadro colossal do mais decisivo pleito já ocorrido no país.

O Brasil tem 5.565 municípios. Nas eleições de domingo, Lula venceu em 4.014 deles.

Ao terminar o primeiro turno, como registramos aqui no HP, o governador Eduardo Braga (PMDB-AM) declarou que no segundo turno Lula aumentaria sua votação no Amazonas. Era uma afirmação que parecia algo extraordinária, pois Lula havia conseguido 78% dos votos válidos naquele Estado. No entanto, o governador sabia o que estava dizendo: no segundo turno, Lula obteve 86,8% dos votos amazonenses.

O acontecimento é apenas ilustrativo do que houve em todo o Brasil. Porém, mais significativo ainda é que a votação de Alckmin diminuiu entre um turno e outro: 2.425.191 eleitores que tinham votado nele no primeiro turno, negaram-lhe seu voto no segundo, certamente por melhor conhecer o candidato. Foi esse o resultado de toda aquela presepada circense em torno de “debates”, “debates”, “debates”. Houve os debates, até que ninguém agüentava mais tanto debate - precisamente porque eles nada tinham a dizer, exceto a costumeira chorumela udenista. Na verdade, não podiam apresentar o seu verdadeiro programa, pois sabiam que ele era repudiado pelo povo. Porém, ao não apresentá-lo, deixaram claro qual era. Quanto a isso, nada mais ridículo do que as negativas de que não pretendiam privatizar a Petrobrás, o BB, a CEF e os Correios. Aliás, há algo mais ridículo: as acusações de que Lula é que era o privatizador. Por último, colocaram no ar uma ensandecida propaganda supostamente contra as privatizações. Em suma, sua linha de campanha era mostrar que eram eles, e não Lula, os maiores paladinos do programa de governo de Lula...

Naturalmente, o eleitor recusou quem o tratava como idiota. Recusou quem escondia seu repulsivo programa, ainda que esse estivesse mais nu do que o rei da história de Andersen. Enquanto a votação de Alckmin diminuía em 2 milhões e meio de votos, Lula aumentava a sua em mais de 11 milhões e meio, precisamente em 11.632.677 votos. A diferença entre os dois, de um turno para outro, aumentou de 6.693.996 para 20.751.864 de votos, ou seja, mais do que triplicou. Não somente Lula ganhou votos entre os eleitores que haviam votado em candidatos que não estavam no segundo turno, mas uma parcela ponderável dos eleitores de Alckmin no primeiro turno preferiu Lula no segundo.

Tudo isso depois de 18 meses de campanha difamatória, enfrentando um aliança, melhor dizendo, um conluio reacionário que incluía os serviçais de Wall Street na vida política, na mídia, na especulação, no TSE, e até alguns transviados que fizeram o possível para desmerecer sua condição de membros do Ministério Público ou da PF.

Lula teve 58.295.042 votos. Contra Serra, no segundo turno da eleição passada, Lula foi votado por 52.793.364 eleitores. Ainda que as diferenças quanto ao conjunto do eleitorado devam ser consideradas, esse aumento de 5.501.678 votos de uma eleição para outra, depois dessa campanha sórdida de um ano e meio - somente comparável, como lembrou o presidente, com aquelas promovidas contra Getúlio, Juscelino e Jango – é um julgamento popular mais do que eloqüente para um governante.

Mas, na verdade, não foi Lula que foi julgado. Foram outros os que estiveram no banco dos réus, e foram inapelavelmente condenados. Em síntese, a reação foi esmagada naqueles que considerava, sem razão, os seus refúgios. Que melhor julgamento para o bravateiro tucano Artur Virgílio do que os 86,8% votos de Lula no Amazonas? Que melhor sentença para o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, do que a votação monumental de Lula no Ceará?

Três Estados (Goiás, Acre, Rondônia) e o Distrito Federal, em que Alckmin havia ganho no primeiro turno, desta vez preferiram Lula, que cresceu também em todos os Estados em que ficou atrás de Alckmin, enquanto este perdia votos em todos eles, com exceção de um, o Rio Grande do Sul.

Em suma, uma votação consagradora e esmagadora. O povo escolheu o seu projeto e o seu representante, aquele que condensa as suas aspirações.

RECUO

Diante de tal efeméride – algo que merece ser chamado de acontecimento épico – os golpistas da véspera, aqueles que prometiam não deixar Lula governar, aqueles que queriam acabar com seu novo governo antes que este começasse, tomaram a prudente medida de recuar em seu golpismo (ver matéria nesta página). É verdade que provisoriamente, pois há gente que é incorrigível, mas não deixa de ser sintomático que nem eles tenham, diante da maré popular que tomou o país nas eleições, deixado de perceber as funestas conseqüências que poderiam resultar para eles, se continuassem a recalcitrar.

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