O Índice Geral de Preço - Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,44% em janeiro, a menor variação mensal desde setembro de 2005, quando recuou 0,53%. Em dezembro, o indicador medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) caiu 0,13%.
Com o forte recuo nos custos de produtos industriais, o Índice de Preços por Atacado (IPA) apresentou variação negativa de 0,95% em janeiro, após retração de 0,42% no mês anterior. O IPA industrial ampliou a queda, passando de -0,48% para -1,48%.
Na avaliação do coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV, Salomão Quadros, o IGP-M pode apresentar uma nova queda em fevereiro, mas em menor intensidade. Segundo o economista, a taxa do próximo mês deixará de contar com a contribuição de pelo menos dois fatores que puxaram o indicador para baixo em janeiro. O primeiro deles é a queda dos preços de automóveis provocada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir de dezembro. Em janeiro, o IGP-M apontou uma retração de 6,98% no preço de automóveis para passageiros no atacado em janeiro. "O ciclo de impacto da desoneração do IPI já foi concluído", afirmou Quadros.
O economista acrescenta ainda que a expressiva redução de preços de itens industriais, especialmente commodities como produtos químicos e metais, não deve se repetir no próximo mês. "Acho improvável, mas não impossível, que eles continuem caindo no mesmo ritmo", disse o coordenador do índice.
Além disso, os preços agrícolas voltaram a subir no início do ano, influenciados por problemas climáticos, e também podem pressionar o IGP-M de fevereiro. Em janeiro, os produtos agropecuários apresentaram alta de 0,55%, ante queda 0,28% no mês passado. Esse movimento de elevação deve-se principalmente aos aumentos da soja em grão (5,16%) e do milho em grão (9,71). "Um fator deflacionário a menos e um fator inflacionário a mais podem fazer com que essa queda de janeiro não se repita com essa intensidade, mas não quer dizer que vamos passar para o terreno positivo", afirmou Quadros.
Com a queda de 0,44% em janeiro, a taxa acumulada em 12 meses desacelerou de 9,81% em dezembro para os atuais 8,15%. Segundo o economista da FGV, a tendência é o processo de queda se mantenha, mas em menor intensidade, até abril. Mesmo que essa redução de ritmo de queda aconteça, há "gordura para queimar" nos meses seguintes, já que entre maio e julho do ano passado as altas mensais superaram 1%. Com isso, avalia o economista, há espaço para chegar ao meio do ano com uma taxa acumulada em 12 meses entre 2 a 3 pontos percentuais menor que a atual, ou seja, próxima de 5%.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acelerou de 0,58% para 0,75%, influenciado, principalmente, pela elevação dos gastos com alimentação (de 0,81% para 0,96%) e de educação, leitura e recreação (de 1,22% para 2,30%). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,26%, acima do resultado do mês anterior, de 0,22%.