sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Renda crescerá mesmo com desemprego no primeiro trimestre


Economistas e governo ainda estimam expansão da massa real de rendimentos (formada pelo nível de ocupação e de salários) em 2009. O Ministério do Trabalho e Emprego anunciou ontem estimativa oficial de geração de 1,5 milhão de postos de trabalho em 2009, ante 2,107 milhões gerados no ano passado.

A LCA Consultores prevê aumento de 4,5% no próximo ano e a RC Consultores tem a projeção mais pessimista, de 1,5%. A LCA prevê para o primeiro trimestre crescimento menor na geração de emprego formal, com redução no saldo líquido de postos de trabalho apenas na área da construção civil (ver gráfico). "Quem olhar só o primeiro trimestre vai achar que o país não terá crescimento no saldo de empregos, mas haverá melhora na segunda parte do ano", diz o economista Fábio Romão

Romão estima para 2009 crescimento de 4,5% na massa real de rendimentos, diante de 6% no ano passado. O cálculo leva em consideração o aumento de 2,1% no nível de ocupação, ante 3,3% em 2008, com expansão mais forte das contratações informais. A renda deve crescer 2,4%, ante 2,5% no ano passado.


O aumento da massa mantém-se semelhante sobretudo pelo reajuste do salário mínimo. A previsão é de que seja elevado em 12%, tendo por base o Produto Interno Bruto (PIB) de 2007 (5,4%) e a inflação de 12 meses, que supera 6%. "Com isso, o salário mínimo vai para R$ 465 e cai no bolso do trabalhador com um mês de antecedência, em março", diz Romão. Já as categorias que não têm o reajuste salarial vinculado ao salário-mínimo enfrentarão mais dificuldades para obter ganhos acima da inflação na discussão da data-base.


Também há dúvidas com relação aos reajustes concedidos nos últimos anos ao programa Bolsa Família, previsto pelo governo em 7,3%. "Nos últimos anos o programa cresceu em média 28%, tendo tido um aumento em 2008 de 18%.


A MB Associados projeta expansão de 3,6% na massa real de rendimentos, ante 6,8% a 6,9% neste ano. Vale prevê para o próximo ano reajuste do salário-mínimo próximo de 12%, e expansão da taxa de ocupação em 2,7% por conta da tendência de desaquecimento do mercado de trabalho.


"A classe média deverá ter uma desaceleração do rendimento maior. Os setores petroquímico, automotivo e de construção estavam com uma demanda forte por mão-de-obra qualificada e começaram a demitir devido ao cenário de crise. Por conseqüência, o valor oferecido por essas vagas também diminui", observa Vale. Para ele, as classes de renda mais alta enfrentarão mais riscos de desemprego e conseqüente redução na renda do que as classes C e D. "As classes mais baixas também vão sofrer, mas sofrer menos", diz o economista.


Segundo cálculo feito pela MB com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, as famílias com renda de até 3 salários mínimos terão aumento na renda de R$ 8,8 bilhões em 2009, ante R$ 7,2 bilhões neste ano. Já as famílias com renda entre cinco e 10 mínimos terão incremento na massa real de salários de R$ 5 bilhões, abaixo dos R$ 18,8 bilhões projetados para 2008.


Fábio Silveira, economista da RC Consultores, tem a projeção mais pessimista, de crescimento de 1,5% na massa real de rendimentos em 2009, ante 7,4% neste ano. Ele prevê crescimento zero na renda e alta de 1,5% na geração de empregos. "Haverá aumento de demissões e do excedente de mão-de-obra. Não há porque o reajuste do rendimento real ser positivo", diz. Silveira acredita que haverá demissões em massa em setores exportadores e nas zonas urbanas, onde há maior concentração de pessoas empregadas, sobretudo em indústrias.


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