quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Petrobras reduz gás boliviano

A Petrobrás vai reduzir o volume de gás importado da Bolívia, dando lugar à geração de menor custo das usinas hidrelétricas, que operam em níveis elevados. O volume não será inferior a 19 milhões de metros cúbicos, patamar acertado em contrato.
Petrobras reduz temporariamente o volume do combustível importado do país vizinho

A Petrobras vai reduzir o vo- lume de gás importado da Bolívia por tempo indeterminado. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), presidido pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, vai decidir amanhã qual será o volume cortado. A estatal tem um contrato com o país vizinho, assinado em 1999, que prevê a importação de até 30 milhões de m³/dia de gás natural. De acordo com o contrato, a petroleira é obrigada a pagar 70% do volume total contratado mesmo se não utilizar o combustível. Se o corte passar de 19 milhões de m³/dia, no entanto, a estatal paga um preço diferente pelo gás. Por isso, especialistas do setor acreditam que o volume reduzido ficará em torno de 6 milhões de m³/dia a 10 milhões de m³/dia. O motivo do corte é o desligamento das termelétricas movidas a gás natural, já que a geração das hidrelétricas está garantida por causa dos altos níveis dos reservatórios das usinas. Segundo o Ministério de Minas e Energia, além das termelétricas estarem ligadas sem necessidade por causa do bom desempenho das hidrelétricas, o desaquecimento da economia também contribuiu para a redução do volume do gás importado. Na prática, a Petrobras não terá nenhum prejuízo com o corte porque, se a estatal precisar desse combustível no futuro, devido às mudanças no cenário energético e econômico do país, poderá recuperar o produto não utilizado sem pagar nenhum centavo a mais. Para o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), a Bolívia será a maior prejudicada com a decisão do governo brasileiro.

Sem saída

O país só terá a Argentina para mandar essa sobra do gás. O país compra o combustível por um preço mais barato do que o Brasil, em torno de US$ 9/milhão de BTU. Além do corte, o governo prevê uma queda de 20% no preço do combustível boliviano, para US$ 7,50/milhão de BTU por causa da desvalorização do barril de petróleo nos últimos meses. O consultor também explicou que a Petrobras não poderia negociar essa sobra com as distribuidoras de gás brasileiras porque o cenário energético pode mudar. Além disso, o Comitê poderá decidir por religar as termelétricas, o que aumentaria a necessidade da estatal importar os 30 milhões de m³/dia novamente. Para os distribuidores brasileiros de gás, o quadro mostra a falta de planejamento no setor. ­ Está faltando gás no mercado, mas não podemos fechar contratos porque, em um futuro próximo, a Petrobras vai precisar do combustível para atender as térmicas ­ ressaltou um executivo do setor, que pediu para não ser identificado. No fim de outubro do ano passado, a Petrobras também reduziu o volume de gás importado da Bolívia em 2 milhões de m³/dia. Na época, o corte afetou mais as distribuidoras do estado de São Paulo, principalmente a Comgás, e a CEG, no Rio de Janeiro. Para aumentar a oferta de gás do estado de São Paulo, o maior consumidor do combustível do país, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, estuda uma forma de permitir que as indústrias atendidas pela Comgás possam adquirir por curtos períodos de tempo a sobra de 1 milhão de m³ que fica disponível no sistema quando as termelétricas não estão em plena operação. Para que isso seja possível, é necessário que os clientes interessados sejam capazes de operar com dois combustíveis. Dessa forma, eles podem obter gás natural quando houver sobra no mercado e usar outro combustível, como o óleo, quando o insumo não estiver disponível.

Atentado

Em setembro do ano pas- sado, a exportação do gás boliviano para o Brasil foi reduzida em 3 milhões de m³/dia devido a um atentado contra um gasoduto no sul do país vizinho. Na época, o presidente boliviano, Evo Morales, culpou a oposição pelo incidente. O trecho do gasoduto atingido demandou 20 dias para ser reparado e mais de US$ 100 milhões de investimentos. A Bolívia produz, atualmente, 40 milhões de m³/dia de gás natural. Do total, 30 milhões de m³/dia são exportados para o Brasil, enquanto outros 7 milhões de m³/dia são usados no consumo próprio do país. O restante tem a Argentina como destino. JB

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