terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Lula volta a criticar taxas bancárias


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, no seu programa de rádio "Café com o Presidente" que o alto spread bancário - diferencial entre a taxa de captação e a da aplicação - é um dos principais responsáveis pela falta de crédito no país, especialmente para as micro e pequenas empresas. É a segunda vez, em menos de 15 dias, que o spread é apontado como um problema para a economia brasileira nestes tempos de crise. Antes de Lula, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cobrou do presidente da Febraban, Fábio Barbosa, uma redução do spread após ouvir do banqueiro a sugestão de antecipação da reunião do Copom para debater a taxa Selic.

O presidente ressaltou, mais uma vez, que essa crise pode ser uma oportunidade para o país e que, quem se sair melhor neste momento, estará mais fortalecido quando a turbulência passar. "Porque nós precisamos gerar empregos, distribuir renda e fazer a economia brasileira crescer", disse. Lula prometeu que o Estado continuará fazendo sua parte e que não haverá redução de investimentos por parte do governo federal. "Nós temos que motivar a iniciativa privada a continuar fazendo investimentos e precisamos trabalhar para que o crédito volte à normalidade. O grande problema dessa crise hoje é a questão do crédito."

Lula disse que nesta semana terá novas reuniões com a equipe econômica - a expectativa é de que novas medidas possam ser anunciadas na semana que vem. O presidente expressou novamente preocupação com o resultado da economia no primeiro trimestre de 2009. Na semana passada, a atividade industrial brasileira teve uma queda de mais de 5%, refletindo os resultados do último trimestre de 2008. A perspectiva para os primeiros três meses deste ano é ainda mais sombria. "Precisamos nos esforçar para que o povo não seja vítima de uma crise que não foi causada pelo Brasil", disse.

Em São Paulo, onde participou da abertura da 36ª Couromoda, Lula fez seu primeiro discurso público deste ano, afirmando que a atuação do poder público brasileiro sobre os efeitos da crise financeira deverá ser intensificada no primeiro trimestre do ano, a fim de evitar a expansão dos estragos. "Se nós não tomarmos iniciativa de fazermos as coisas neste primeiro trimestre, aí sim podemos correr o risco de a crise chegar aqui mais forte do que deveria chegar", disse.

A afirmação veio em tom de desabafo. Lula criticou os que "vivem dizendo que o governo tem que cortar gastos". Ele reiterou que serão feitos os cortes que forem possíveis no custeio da máquina, porém os investimentos estão garantidos e pediu que governadores e prefeitos sigam a mesma receita.

Após afirmar que tem "razões de sobra" para ser otimista com a economia, o presidente desconsiderou o resultado da última pesquisa Focus, na qual o mercado rebaixou para 2% a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. "Eles vão errar", disse.

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