quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Pronaf financia fábrica de leite em pó em SC


Em busca de mercados no exterior e margens maiores, as cooperativas agropecuárias aprofundam investimentos na industrialização de leite apoiadas em financiamento a juros subsidiados pelo governo. Um programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário, cujo objetivo é ampliar a base de produtores familiares nessas sociedades, prepara o segmento para atuar como "plataforma" de exportação de produtos lácteos nacionais.

Beneficiadas pela linha Pronaf Agroindústria, cinco cooperativas ligadas à central catarinense Aurora terão R$ 96 milhões, a juros de 3% ao ano, para erguer uma fábrica de leite em pó e soro de leite na cidade de Pinhalzinho (SC). A Aurora usará seus canais de distribuição de frango e suínos para emplacar os lácteos de sua marca.


O grupo já investiu R$ 80 milhões de recursos próprios na construção da usina de beneficiamento para 1 milhão de litros/dia e parte, agora, para a segunda etapa do projeto com a edificação da torre de secagem de leite. Serão produzidos 650 mil litros de leite em pó e 750 mil litros de soro de leite por dia.


"Hoje, os preços estão abaixo dos US$ 5,2 mil [por tonelada] do início de 2007, mas ainda vale a pena exportar com cotações próximas do preço histórico de US$ 3 mil", diz o vice-presidente da controladora Cooperalfa, Dilvo Casagranda.


O mercado está mais disputado, segundo ele, porque os grandes produtores Austrália e Nova Zelândia, afetados por uma forte seca em 2007, voltaram a vender com força e os preços recuaram. "Mas podemos abrir canais através dos clientes que já temos na Rússia ou Venezuela, por exemplo". Mesmo afetada pela crise financeira global, a Aurora prevê iniciar a nova fase da indústria no início de 2010.


O projeto da Aurora reforça a estratégia do MDA no segmento cooperativista de leite. Antes, essas sociedades tinham acesso apenas a linhas com juros mais caros da chamada agricultura empresarial. Agora, um acordo entre MDA e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) permitiu o enquadramento dos grupos nas exigências legais para esse financiamento - 70% do quadro tem que ser composto por agricultores familiares. A Aurora tem 17 cooperativas com 77 mil pequenos e médios produtores associados.


"Estamos incluindo os agricultores familiares nas cooperativas e preparando uma plataforma para exportar leite em pó", diz o secretário de Agricultura Familiar do MDA, Adoniran Sanches Peraci. Ele aponta a Venezuela, onde há forte demanda por lácteos e laços políticos com o Brasil, como um dos principais alvos das exportações. "Se vendermos a US$ 3 mil por tonelada, a cooperativa pode garantir até R$ 0,54 por litro ao produtor".


Os planos do MDA já beneficiaram outras cooperativas do Sul do país. Com juros baixos e prazos longos do Pronaf Agroindústria, a Confepar Agroindustrial, que reúne oito cooperativas do interior do Paraná, investiu R$ 38 milhões na construção de uma fábrica de leite em pó para processamento de 1 milhão de litros por dia em Pato Branco (PR).


A Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), de Cruz Alta (RS), obteve R$ 48 milhões para processar 1 milhão de litros de leite por dia dos associados de 16 cooperativas. A Cooperativa Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulati), com sede em Pelotas (RS), aplicou R$ 25,5 milhões no beneficiamento de 1 milhão de litros de leite por dia e 600 mil litros de leite em pó, inclusive com recursos do BRDE.


Mesmo sem dinheiro barato do governo federal, a mineira Itambé investiu R$ 140 milhões na ampliação da fabricação de leite em pó para atender à demanda crescente no exterior.

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