sábado, 5 de dezembro de 2009

Polícia Federal anuncia devassa no DEM de DF


Depois de concluir a primeira etapa da análise dos documentos apreendidos semana passada na Operação Caixa de Pandora, a Polícia Federal decidiu pedir a quebra do sigilo bancário do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e de mais 17 investigados no inquérito sobre o chamado mensalão do DEM. A sugestão de quebra do sigilo para o aprofundamento das investigações será apresentada na próxima semana ao Ministério Público Federal. A partir daí, a subprocuradorageral da República Raquel Dodge deverá fazer o pedido ao relator do caso, o ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Arruda é acusado de montar um esquema de cobrança de propina de empresas com contratos com o governo e de usar parte dos recursos para comprar apoio político na Câmara Legislativa do DF. Num dos vídeos, ele aparece recebendo dinheiro das mãos do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, em 2006, antes de assumir o cargo.

- A quebra do sigilo de todos os investigados, inclusive do governador, é o caminho natural da investigação - afirmou um policial que acompanha os desdobramentos da Operação Caixa de Pandora.

A PF tentará também fazer o rastreamento de parte do dinheiro distribuído por Durval a políticos e altos funcionários do governo Arruda, a partir dos registros feitos pelo serviço de inteligência antes da partilha. Nas fotos aparecem as cintas dos pacotes de dinheiro com os nomes dos bancos de onde os recursos foram retirados antes de serem entregues a Durval.

Com as informações, a PF acredita que chegará até a origem de parte do mensalão de Arruda.

Antes da partilha da propina, a PF fazia marcas e fotos do dinheiro. A idéia era levantar provas materiais de toda a movimentação financeira. Mas, para surpresa dos investigadores, não foram encontradas notas marcadas nos R$ 700 mil já apreendidos. A PF também deve começar na próxima semana os depoimentos dos investigados.

O delegado Alfredo Junqueira só aguarda o fim da análise dos documentos para expedir as intimações.

Junqueira enviou ao Instituto Nacional de Criminalística (INC) quatro recibos que, segundo Arruda, comprovariam a compra de panetones com o dinheiro recebido de Durval.

.O INC recebeu também os vídeos gravados por Durval. O Instituto fará perícia para saber se existe alguma adulteração no material. Só depois, as imagens serão enviadas ao STJ. Uma complementação dos vídeos em que Arruda recebe um pacote de dinheiro de Durval foi divulgada ontem pelo Blog do Noblat. Neste trecho, Arruda conversa por telefone com o ex-governador Joaquim Roriz sobre votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF).

- Alô, fala governador! Tudo bom.

Com saudade... Eu trouxe os documentos pro senhor assinar amanhã...

Resolveu, mas a coisa já está adiantada e eu preciso lhe entregar os documentos para o senhor dar uma lida.

Igual aquele que... hã... hã... É... uma outra parte. Tá? É... Aonde e que horas?...

Tá bom. O senhor tá descendo lá em Águas Claras [residência oficial do governador]? Agora?... Então eu vou ver se acho ele agora e já mando.

Um abraço - diz Arruda, desligando.

- Documento do Raimundo? (...) Esse governador é uma parada... - diz Durval a Arruda.

- Esse assunto aqui... É o seguinte: um dos votos do Supremo, do TSE - diz Arruda.

Pedidos de impeachment já estão na CCJ

Câmara obtém liminar de reintegração de posse, mas decide negociar com manifestantes

Isabel Braga

 Dos oito pedidos de impeachment apresentados à Câmara Legislativa contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), apenas dois foram aceitos ontem pelo procurador da Casa, o advogado José Edmundo Pereira. Ontem à noite, o presidente em exercício da Câmara, Cabo Patrício (PT), encaminhou os pedidos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), comandada por um aliado de Arruda.

A expectativa é que comecem a ser analisados já na terça-feira. Por imprecisão jurídica, o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), foi excluído dos pedidos de impeachment.

A maioria dos pedidos foi rejeitada por ter sido apresentada por entidades. Segundo o parecer do procurador, a lei exige que o pedido de impedimento seja assinado por um cidadão e que o título de eleitor seja anexado. Foram aceitos os pedidos protocolados pelo deputado Chico Vigilante (PT) e pelo advogado Evilázio Viana Santos. Segundo o procurador, a lei não trata de crimes de responsabilidade praticados por vices-governadores.

Na CCJ, dos cinco titulares, dois também são acusados: Rogério Ulysses (PSB) e Rôney Nemer (PMDB). O deputado Raad Massouh (DEM), que deverá assumir a presidência da CCJ na segundafeira, promete dar celeridade aos trabalhos. Ainda integram a CCJ Chico Leite (PT) e Doutor Charles (PTB). Apenas o petista é de oposição.

- Vou ser o mais transparente, objetivo e imparcial.

Os fatos são graves, quero que a comunidade tenha esclarecimentos. Não vou atropelar prazos e nem permitir manobra para atrasos.

Vou seguir o regimento - disse Raad.

Durante todo o dia, os manifestantes continuaram ocupando as dependências da Casa. Pela manhã, decidiram que só vão sair terça-feira, para que a sessão seja realizada. À noite, a Câmara obteve liminar de reintegração de posse. Por volta de 21h, o presidente da Câmara recebeu o mandado judicial, mas optou por negociar com os manifestantes uma saída pacífica, o que não aconteceu ontem. Cabo Patrício disse, no entanto, que o plenário estará desocupado para a sessão na terça-feira. Segundo ele, os manifestantes poderão ocupar as galerias e o auditório.

- Precisamos que o plenário esteja desobstruído.

É preciso garantir que os deputados trabalhem, sem constrangimento. Espero não precisar usar (a força policial). A manifestação é livre, mas não pode fazer com que os processos emperrem.

Mais dois pedidos de impeachment, assinados por cidadãos brasilienses, foram protocolados ontem na Câmara Legislativa.

1 Comentários:

  • terça-feira, 08 dezembro, 2009
    Anônimo Disse:

    Fora Arruda, em bom e alto som.
    tito.

    delete

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