quinta-feira, 28 de maio de 2009

Á Renan oque é de Renan


Um ano e oito meses depois de ter escapado de cassação pelo plenário do Senado, quando foi acusado de ter usado um lobista de empreiteira para pagar pensão à filha, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) retoma plenos poderes na Casa. Principal articulador da eleição de José Sarney à presidência do Senado e de Fernando Collor (PTB-AL) para a presidência da Comissão de Infraestrutura, ambos eleitos em disputa com o PT, Renan deu nova indicação de seu poder nas articulações políticas da Casa ao indicar à CPI da Petrobras seus aliados. O critério de escolha foi claro: fidelidade a Renan e ao PMDB, acima do apoio ao Planalto. O líder da maior bancada do Senado terá controle sobre os rumos da CPI, que iniciará seus trabalhos na terça-feira.

No PMDB, Renan selecionou nomes de sua confiança, de parlamentares que ficaram ao seu lado nos seis meses de crise que viveu quando presidia o Senado, em 2007: Leomar Quintanilha (TO) e Paulo Duque (RJ), como titulares; Almeida Lima (SE) e Valdir Raupp (RO), como suplentes. Por pressão do Planalto, o pemedebista indicou também o líder do governo, Romero Jucá (RR) - cotado para relator. Os nomes foram oficializados na terça-feira, faltando 15 minutos para meia-noite.

Almeida Lima e Leomar Quintanilha ajudaram a abafar as denúncias como relatores de processos contra Renan no Conselho de Ética. Quintanilha, presidente do conselho, arquivou sumariamente duas representações por quebra de decoro contra Renan. No caso de Lima, a indicação poderá ajudá-lo em 2010, quando tentará a reeleição. A disputa, entretanto, pode prejudicar o governo porque deverá ser contra o PT, que lançará José Eduardo Dutra, presidente da BR Distribuidora.

Paulo Duque também defendeu Renan na crise, mas sua indicação deve-se à pressão do grupo do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Duque é suplente de Cabral no Senado. O governador do Rio demonstrou preocupação com a CPI. Ele teme que o Rio, sede da Petrobras, seja prejudicado com a diminuição de royalties caso as investigações gerem uma crise na estatal. Duque também espera para ganhar notoriedade, com vistas a 2010. Ele disputa espaço com Benedita da Silva (PT), ou Lindberg Farias (PT).





Indicado para suplência, Valdir Raupp é conhecido como parlamentar fiel ao partido. Teve apoio de Renan para eleger-se líder do PMDB no Senado. Acabou desentendendo-se com ele quando tentou manter-se no cargo que o próprio Renan queria tomar para si.

Renan conta também com os indicados pelo PTB. Collor, seu conterrâneo de Alagoas indicado para titular, foi eleito para a presidência da Comissão de Infraestrutura graças à sua articulação . Foi o pemedebista que ajudou a derrotar a indicada do PT, Ideli Salvatti (SC), atual líder do governo no Congresso. Ele fora o principal artífice da eleição presidencial de Collor (1989) e líder do seu governo na Câmara. Seu suplente é Gim Argello, líder do partido no Senado. Aliado de Renan, articularam juntos as indicações para a CPI.

Indicado pelo PT, João Pedro (AM) foi um dos grandes aliados a Renan no arquivamento de denúncia por quebra de decoro contra o senador alagoano. Ele foi o relator do caso e recomendou o arquivamento das denúncias de que Renan teria trabalhado para reverter dívida de R$ 100 milhões da Schincariol junto ao INSS, uma das que foram analisadas no Conselho de Ética. João Pedro, que ocupa a cadeira como suplente do ministro Alfredo Nascimento, é um dos cotados para presidir a CPI, ao lado de Ideli. Ele mostrou-se fiel ao governo quando foi titular na CPI do Apagão Aéreo e apresentou um relatório paralelo para impedir o indiciamento de ex-dirigentes da Infraero. A manobra, amparada pelo PMDB, derrubou o texto do relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO).

Marcelo Crivella (PRB-RJ), titular indicado pelo bloco liderado pelo PT, também lutou pela absolvição de Renan na primeira acusação, mas voltou-se contra o senador na segunda. Ele poderá dar lugar ao senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que atualmente não pode ser titular por já ser relator da CPI das ONGs. Arruda deverá defender o PCdoB nas investigações, já que o partido comanda a Agência Nacional de Petróleo (ANP), um dos focos da CPI.

Até mesmo a indicação de Ideli é favorável a Renan. Segundo seus aliados, a petista - cotada para a presidência da CPI - é o único canal de interlocução com o PT no Senado. Mas há ressalvas na relação. Em 2007, Ideli assumiu publicamente a defesa de Renan. Mas este ano ela sofreu um revés na disputa pela Comissão de Infraestrutura. Durante as negociações para a definição dos nomes para a CPI o desentendimento entre os líderes do PMDB e do PT, Aloizio Mercadante (SP), ficou evidente, e os ataques só diminuíram depois que os dois se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Renan encontrou-se com Lula na segunda-feira e Mercadante, ontem. Foi no período de crise que a relação de Renan e Mercadante azedou, pois o petista criticou-o duramente.

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