sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lula na Turquia: crescer menos sim; recessão, não


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Istambul (Turquia), que economia brasileira vai crescer menos que o previsto inicialmente, mas os bilhões de investimentos e desonerações já promovidas pelo governo vão impedir uma recessão no Brasill.

O presidente desembarcou na noite de quarta-feira em Istambul, terceira etapa de uma viagem que já o levou a Arábia Saudita e China. Lula reuniu-se ontem com empresários locais, e hoje, em Ancara, encontra o presidente turco, Abdullah Gul, antes de retornar ao Brasil.

– Nós vamos crescer menos do que previsto. Mas não vamos entrar em uma recessão. Posso dizer a todos vocês hoje que muitos setores da economia brasileira estão agora em vias de recuperação – afirmou Lula em entrevista concedida a jornalistas da imprensa turca, entre eles um repórter do jornal Hurriyet.

De acordo com reportagem do site do Hurriyet, Lula afirmou que a economia brasileira iria crescer entre 5% e 6% neste ano, mas o plano foi frustrado por conta da crise econômica mundial. Ontem, o Ministério da Fazenda refez a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2009 para 1%.

– Acredito que o Brasil vai mostrar sinais fortes de recuperação em 2009 e iremos para 2010 em posição muito melhor. Vou continuar a rezar por Obama e pela União Europeia, porque a recuperação deles é importante – disse Lula.

Ao ser questionado sobre qual seria o PIB do Brasil neste ano, Lula disse que não faria estimativas. Segundo ele, quando um presidente fala um número, ele é considerado o oficial.

– Não posso adivinhar. Enquanto outros países terão crescimento negativo, nós teremos crescimento positivo – limitou-se a afirmar.

O objetivo da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes empresariais brasileiros a Istambul, ontem, é garantir uma posição mais forte do Brasil no mercado interno da Turquia.

O comércio entre Turquia e Brasil, que totalizou pouco mais de US$ 1 bilhão em 2008, mas poderia crescer até 400% no curto prazo, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, integrante da comitiva presidencial.

Com o interesse da Turquia em ser parceira do Mercosul, maior bloco comercial da América Latina, o país também se posicionou como um bom posto avançado comercial para veículos, etanol e tecnologia brasileiros.

Relação

– A Turquia tem um lugar especial para o Brasil, porque nossas relações se articulam com o bloco comercial Mercosul. O ponto principal dessa parceria seria uma fórmula quatro-mais-um, que anularia taxas de importação para os países envolvidos – disse Jorge, referindo-se à possível nova fórmula de comércio entre os quatro membros plenos do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e a Turquia. – Há muitas oportunidades, mas o Brasil tem de ir além da exportação de commodities e estamos planejando fazer isso na Turquia.

As negociações para a Turquia se tornar parceira avançam lentamente, mas as autoridades permanecem com esperanças de que um acordo seja fechado em breve.

O Mercosul poderia enviar bens à Turquia sem tarifas de importação, e os membros do bloco estão discutindo a possibilidade de exportar esses bens sem taxas para a Europa, segundo Jorge.

A adesão da Turquia à União Alfandegária da União Européia, em 1995, eliminou as taxas de importação entre a UE e Ancara.

Os entendimentos inserem-se no contexto de que Turquia e Brasil, dois mercados emergentes, buscam mais parceiros comerciais à medida que União Européia e Estados Unidos sofrem com significativa redução no crescimento econômico.

–Turquia e Brasil têm um potencial enorme, mas eu acho que não estamos nem mesmo atingindo 10% desse potencial – disse Lula a empresários em Istambul.

Na linha de colaboração, a Turquia fechou acordo este ano para que a Petrobras explore dois poços no Mar Negro, e espera aproveitar parte dos US$ 230 bilhões de investimentos em infraestrutura que o Brasil precisa fazer nos próximos quatro anos.

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