domingo, 31 de maio de 2009

Revoada de demos


A possibilidade de adiar a decisão sobre a troca de partido tem alimentado a pretensão dos parlamentares eleitos pelo Distrito Federal - de distritais a senadores - que planejam 2010 não só do ponto de vista das legendas aos quais estão filiados hoje. Boa parte dos pré-candidatos às próximas eleições levam em conta cenários com siglas diferentes das quais estão abrigados, sinal de que se a janela para a fidelidade for aberta, com ela também será escancarada a porta do troca-troca.

Com a perspectiva de ganhar um "chorinho" de seis meses para mudar de partido, os parlamentares podem avaliar melhor as alternativas em que têm chances de faturar a eleição. A numerosa lista de pré-candidatos do DEM - pelo menos cinco - às duas vagas do Senado Federal, por exemplo, deve motivar a saída de alguns nomes da legenda.

O deputado federal Alberto Fraga (DEM), secretário dos Transportes do DF, está entre os entusiastas da regra que permite a troca de partido até seis meses antes das eleições. Pré-candidato declarado para concorrer ao Senado Federal, Fraga pode ter de disputar a indicação com nomes de peso, como o do atual vice-governador, Paulo Octávio (DEM) - o que ocorrerá se o ex-senador abrir mão de brigar pela candidatura ao governo com Arruda.

Para concorrer pelo DEM, Fraga também teria antes de se digladiar com o senador ADELMIR SANTANA (DEM), que ocupou a vaga com a saída de Paulo Octávio para o governo e não pretende deixar o gabinete sem antes testar a popularidade nas urnas. "É uma questão de lógica, sou o senador do partido, me viabilizei para isso. Portanto, não admito a hipótese de desistir da minha condição de pré-candidato com o apoio dos democratas", avisa o senador. Além dele, o deputado federal e atual secretário de Trabalho, Bispo Rodovalho (DEM), e o distrital Júnior Brunelli não tiram da cabeça a ideia fixa de saírem para o Senado.


Congestionamento

Como a matemática não fecha: candidatos demais para vagas de menos, começaram as conversas sobre prováveis mudanças. "Pretendo disputar a vaga ao senado pelos democratas, mas não abro mão da candidatura, por isso se a única forma de me lançar com a benção do meu partido for em outra legenda, então eu vou", assegura Fraga. Ele cogita ir para o PSDB, apesar de temer a resistência do presidente do partido local e secretário de Obras, Márcio Machado, que nos bastidores avalia Fraga como um político de temperamento difícil. Mas Fraga tentará abrir as portas do nicho tucano pelo caminho nacional. "Tenho bons amigos dentro do PSDB e já tive uma boa conversa com Sérgio Guerra (senador por PE, presidente nacional do partido)."


ADELMIR SANTANA também não descarta a possibilidade de concorrer ao Senado por outra sigla. "Sou candidato pelo DEM e um soldado do partido. Só aceito mudar de legenda se o movimento for fruto de um entendimento entre a cúpula nacional e a local dos democratas", diz o senador em exercício. A substituição de partido também é uma hipótese considerada tanto pelo deputado federal Bispo Rodovalho quanto pelo distrital Júnior Brunelli. Os dois têm como base eleitoral o público evangélico e julgam que, a contar pelo rebanho, têm chances de disputar o posto de senador, um dos argumentos que será usado na hora da negociação com outros partidos. "O partido está sobrecarregado, por isso não descarto a saída se houver chance de fazer isso dentro da lei", sinaliza Rodovalho.

O partido (DEM) está sobrecarregado, por isso não descarto a saída se houver chance de fazer isso dentro da lei


Deputado federal Bispo Rodovalho (DEM-DF)


O desejo anunciado do ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) em concorrer as eleições de 2010 deve desencadear uma série de migrações partidárias daqui para frente. A começar pelo próprio pré-candidato. Como Roriz corre o risco de não conseguir legenda - a benção da executiva nacional para que saia candidato ao GDF -, o ex-governador reflete sobre a possível transferência para uma sigla menor.


Uma das opções de Roriz, a de filiar-se ao PR, no entanto, foi descartada a partir de uma manobra ocorrida na semana passada. Forte aliado do pré-candidato à reeleição José Roberto Arruda (DEM), o suplente de deputado federal e secretário de Ciência e Tecnologia, Izalci Lucas, se desfiliou do PSDB para assumir a presidência do PR, exterminando assim uma das alternativas de Roriz. Há especulação, no entanto, que o ex-governador saia candidato por um partido nanico, como o PSC. Se isso ocorrer, no entanto, ele teria menos tempo de televisão, o que é considerado muito importante numa campanha majoritária.


A acomodação de Izalci na presidência do PR empurrou o deputado federal Jofran Frejat para um futuro que pode estar fora da legenda. No início de 2007, o parlamentar deixou o PTB com a missão de comandar o novo Partido da República no DF. Apesar de descartar o desejo da mudança imediata, "em tese", o deputado é favorável à chance de migração: "Tenho conversado com vários colegas que não estão satisfeitos com o partido. Se casamento que é casamento não é para toda a vida, por que a fidelidade tem que ser apenas ao partido?", indigna-se Frejat.


A mudança dentro do PR pode ainda repercutir na Câmara Legislativa. O distrital Bispo Renato é um dos que está atento para a alternativa de deixar a legenda. "Existe essa possibilidade, sim. Mas isso vai depender das conversas com o novo presidente e se vamos ter planos em comum", cita o suplente de deputado, que quer tentar se eleger em 2010 na mesma vaga.


O movimento de Roriz deve forçar mais trocas. Um dos possíveis casos é o de Jaqueline Roriz (PSDB). A distrital anunciou na semana passada o desembarque da base de Arruda. Como boa parte da legenda está amarrada ao governo, é provável que Jaqueline queira buscar abrigo em outra sigla para acompanhar o pai.

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