quinta-feira, 8 de maio de 2008

Deputado não será processado


O deputado estadual Deiró Marra (PR-MG), não deverá, por enquanto, sofrer processo formal na Assembléia Legislativa. Investigado pela Polícia Federal, por suspeita de compra de votos, ele será procurado informalmente pela Ouvidoria da Casa, mas, segundo o ouvidor, Inácio Franco (PV), o órgão só age por meio de denúncia e não tem competência para punir.

Franco considerou a denúncia grave e disse que ouvirá o parlamentar antes de decidir o que será feito. “Compra de voto é difícil de provar e pode ser denúncia falsa, mas, se for comprovado, é quebra de decoro e pode ser aberto processo de cassação”, afirmou. No entanto, a Ouvidoria não tem competência para investigar, cabendo-lhe apenas repassar as denúncias recebidas para a presidência da Assembléia.

A Comissão de Ética também não vai agir. “São fatos anteriores ao mandato”, justificou o presidente Sebastião Costa (PDT).

Jefferson Soares era funcionário fantasma

O assessor do deputado estadual Deiró Marra (PR-MG) Jefferson Soares Lucas, que se encontra em Goiás desde que foi informado de que o Estado de Minas divulgaria sua agenda pessoal com anotações de compra de votos no norte de Minas, era funcionário fantasma da Assembléia Legislativa. Documentos obtidos pelo EM comprovam que até 29 de abril Jefferson era lotado no gabinete de Deiró.

Apesar de ter sido nomeado em 2 de fevereiro de 2007 para o cargo de supervisor de gabinete de Deiró, Jefferson, até a semana passada, estava morando em Taguatinga e trabalhava no escritório da Transportadora PHD, empresa de propriedade de Deiró, em Samambaia, cidade-satélite de Brasília. Mesmo despachando a 800 quilômetros da Assembléia Legislativa, ele recebia R$ 4.426 por mês (R$ 3.976,50 de salário e R$ 450 de auxílio-alimentação). “Faz mais de um ano que o Jefferson não aparece por aqui. Despacha lá em Brasília”, disse a secretária do deputado, em 28 de abril. No dia seguinte, o assessor foi exonerado do cargo. “Não foi por causa da agenda. Já era para o Jefferson ter saído em março. Ele foi lá para Goiás”, justificou Deiró.

Pelo menos desde 23 de abril, o deputado já tinha conhecimento de que a agenda de seu assessor estava sob investigação do Ministério Público e da Polícia Federal. Nessa data, o vereador de Ninheira Djalma Gomes Ribeiro (PR) ligou para Deiró, ao ser procurado pelo EM.

Segundo as anotações da agenda de Jefferson, o vereador teria recebido R$ 60 mil para obter 1 mil votos para o deputado, pagos em duas parcelas. “Recebi o dinheiro, mas foi para a campanha. Cabe ao Deiró explicar se o dinheiro foi declarado. Vou ligar para ele agora mesmo”, disse Djalma.

Esquecida na mesa de um restaurante de Salinas, a 661 quilômetros de Belo Horizonte, a agenda mostra com detalhes como Deiró, empresário da área de transporte em Brasília e Patrocínio, no Alto Paranaíba, pagou valores que podem chegar a R$ 800 mil a um grupo de políticos em troca dos votos de eleitores pobres do Norte de Minas.

Caixa 3
Criativo e detalhista em suas anotações, Jefferson mostra em sua agenda que, além de recursos do caixa 2, o deputado Deiró usou dinheiro de “caixa três” nas eleições. De acordo com a agenda, o dinheiro do caixa três era usado em gastos de hospedagem e alimentação. Segundo a agenda, a compra de votos era feita com dinheiro de caixa dois. Além da agenda, Jefferson abandonou no restaurante várias notas fiscais que podem complicar ainda mais a vida do deputado Deiró. Para a PF e o Ministério Público Federal, esses documentos reforçam a suspeita de que a agenda era mesmo do assessor do deputado.

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