terça-feira, 13 de maio de 2008

PT leva caso Alstom ao Congresso Nacional


O PT decidiu levar para o Congresso Nacional a ofensiva contra o PSDB paulista, em razão das suspeitas de corrupção envolvendo a empresa Alstom e o governo de São Paulo. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) vai apresentar requerimento à Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados para convocar José Jorge Fagali, presidente do Metrô de São Paulo, e José Luiz Portela, secretário dos Transportes Metropolitanos do governo José Serra (PSDB).

A oposição aceita a convocação, mas exigirá também a convocação do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e de Adhemar Palocci, diretor financeiro da Eletronorte e irmão do ex-ministro da Fazenda.

Autoridades francesas e suíças têm investigado informações de que a Alstom teria pago alguns milhões de dólares de propina entre os anos de 1995 e 2003. No pacote, estariam US$ 6,8 milhões, possivelmente utilizados para garantir o contrato de US$ 45 milhões para a expansão do metrô de São Paulo.

O deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), integrante da comissão e vice-líder do partido na Câmara, diz aceitar fazer a investigação, desde que ela também envolva governistas. "Se querem convocar, nós vamos convocar. Mas vamos chamar todos os envolvidos. Tem um senador citado nas investigações, além do irmão do ex-ministro Antonio Palocci (deputado pelo PT-SP)", disse o parlamentar.

Reportagem publicada ontem pela "Folha de S.Paulo" afirma que a Polícia Federal tem documentos nos quais os nomes de Raupp e Adhemar Palocci aparecem, entre outras pessoas, como beneficiários de propinas no valor de R$ 2 milhões. Os papéis foram apreendidos pelos agentes em 2006, na casa do ex-chefe de gabinete do parlamentar, durante a Operação Castores. "Não temos que proteger ninguém não. Mas não podemos deixar que se use uma convocação em caráter eleitoral. Se vamos chamar, vamos chamar todo mundo", completa Bornhausen. Os dois contratos feitos pela Alstom foram firmados durante o mandato do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. Daí a preocupação da oposição, que acompanhará de perto a votação do requerimento.

O presidente da Comissão de Transportes é Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Uma vez apresentado o requerimento por Zarattini, caberá ao tucano definir se e quando coloca o tema em votação. O deputado diz não ter qualquer intenção de segurar o pedido petista. "Todos os requerimentos apresentados são votados. Não vejo problema em votar esse", afirmou. "Nossa comissão não é partidária", completou Leréia. Como a pauta desta semana já está pronta, a previsão é de que o requerimento provavelmente fique para ser apreciado na semana que vem.

A Alstom liderou o consórcio Sistrem (Siemens, ADTrans, CAF, Balfour Beatty e Bombardier), vencedora da licitação da Linha 5 Lilás, em 2000, que leva passageiros de Santo Amaro a Capão Redondo. Três anos mais tarde, a Alstom apareceu como fornecedora de equipamentos para a Linha 4 Amarela, entre Luz e Vila Sônia. No consórcio, também participaram OAS, Queiróz Galvão e CBPO.

No legislativo paulista, a oposição não conseguirá abrir uma CPI para investigar o caso. Minoria na Casa, PT e P-SOL protocolaram ofícios pedindo ao tribunal de Contas Estadual informações de todos os contratos do governo paulista com a Alstom. Na semana passada, o deputado Ênio Tatto (PT) pediu informações também à superintendência da Polícia Federal, para obter detalhes da investigação.

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