terça-feira, 1 de dezembro de 2009

DEM aposta na memória curta do povo e Arruda diz que tudo fica por isso mesmo




A estratégia adotada pelo governador José Roberto Arruda para enfrentar a crise passa neste momento por três etapas. A primeira foi vencida: a argumentação desenvolvida por ele na reunião com a cúpula do DEM, aliada a fortes apoios conquistados no partido ao longo de seu mandato, evitou a tentativa de expulsão imediata. Se não saiu agora, a medida dificilmente será tomada mais tarde, ainda que não se possa afastar a hipótese. A segunda é convencer os variados públicos, do político ao judiciário, de não se pode dar como verdade absoluta tudo o que diz Durval Barbosa – a verdadeira Caixa de Pandora. Enfim, a terceira se expressa em uma flechada embutida na nota divulgada pelo póprio governador: colar na testa de Durval o selo do governo Roriz, contido na expressão "herança maldita do governo anterior".

Manter obras em andamento, um desafio

Governo e oposição tiveram ainda uma mesma percepção. O deputado Rodrigo Rollemberg (foto), do PSB, confidenciou a amigos que se preocupava muito com o que ocorreria na cidade com o agravamento da crise. Com o grande número de obras na cidade, uma solução de continuidade provavelmente implicaria uma interrupção ou lentidão no fluxo de recursos. Brasília viraria um canteiro de obras paradas em meio à chuva. Arruda identificou o mesmo desafio. Disse ontem à sua equipe e também a aliados do DEM que "trabalhassem o triplo", mas não deixassem de completar as obras.

Coalizão

trincada

Seja como for, a coalizão cuidadosamente costurada pelo governador desde sua posse sofreu uma erosão forte com a saída de PPS, PSB e PDT. À parte o problema do DEM, Arruda garantira respaldo do PSDB local. À noite, foi a cúpula nacional dos tucanos que endureceu o jogo. Aconteça o que acontecer, a arquitetura partidária que dava a Arruda mais de dois terços do tempo de rádio e televisão foi zerada.

Só faltava essa

Como se não tivesse encrencas suficientes no Piauí, onde as pesquisas lhe indicam escassas possibilidades de reeleição, o senador Mão Santa resolveu dar palpites sobre a crise do Distrito Federal. Defendeu uma intervenção federal na capital. Só se esqueceu de consultar a Constituição. Nela se prevê respeito aos mandatos conquistados nas urnas, processos legais para substituição de detentores de mandatos e até fórmulas sucessórias. Qualquer estudante de Direito sabe que não é possível ultrapassar fórmulas constitucionais.

Faltou assessoria

Em toda a confusão de ontem, o ex-senador Valmir Amaral tornou-se o único personagem a incriminar sua própria categoria, o setor de transportes urbanos. Foi à Câmara Legislativa, segundo ele, para denunciar um caso corrupção, em que os empresários de ônibus fizeram uma caixinha de suborno para garantir que os deputados mudassem o texto de um projeto de lei, embora afirmasse que seu grupo não contribuíra. Alguém esqueceu de informar ao senador que ao lado da corrupção passiva existe também a corrupção ativa.

Reguffe tem seu candidato

Embora relançado pelo PDT para o governo do Distrito Federal, o deputado José Antônio Reguffe não aceita. Avisa que esta não é hora de pensar em eleição, pois seria desrespeito ao contribuinte falar nisso, e que seu candidato seria o senador

Contra perda de mandatos

A propósito, Reguffe pedirá uma CPI na Câmara Legislativa e cobrará que as investigações sigam até o fim, além de abertura de processo sobre os distritais no Conselho de Ética, garantindo-se pleno direito de defesa. É radicalmente contrário, porém, a falar na perda de qualquer mandato neste momento.. Nem de deputados, nem do governador. "O momento é de equilíbrio", diz ele.

Lembrete

A linknet do empresário Roberto Lucena, aquele que aparece exaltado numa das mais populares fitas da crise, é a mesma empresa que abalou os fundamentos do governo Joaquim Roriz no escândalo do Instituto Candango de Solidariedade. Foi investigada pelo Ministério Público e por pouco a história não teve desdobramentos maiores.

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