sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

PSOL acusa Yeda de prática de caixa 2 e desvios , um morreu e muitas penas vão voar


O PSOL afirmou ter tido acesso a vídeos e áudios que mostram a prática de caixa dois na campanha do PSDB ao governo gaúcho e o envolvimento direto da governadora Yeda Crusius no desvio de dinheiro do Detran.

As alegações foram apresentadas ontem, em entrevista coletiva, por dois dirigentes do PSOL, a deputada federal Luciana Genro (RS) e Pedro Ruas, advogado do partido e vereador de Porto Alegre, que afirmam ter visto os vídeos. O partido formalizou as acusações ao Tribunal de Contas do Estado.

Dizem que ele foi entregue à Justiça Federal pelo ex-coordenador da campanha de Yeda ao governo, Lair Ferst, como parte de acordo de delação premiada. Ferst é um dos 33 réus na ação sobre o desvio de R$ 44 milhões do Detran.

Em agosto de 2008, em entrevista à Folha, Ferst afirmou que estava negociando com procuradores e com a Justiça implicar integrantes e ex-integrantes do primeiro escalão do governo gaúcho, além de pessoas com foro privilegiado, em troca da retirada de parte das acusações contra ele.


Segundo Ruas, as gravações foram feitas por Ferst. Quatro vídeos, diz o PSOL, referem-se a reuniões em que empresários teriam entregue R$ 1,4 milhão a tucanos antes da eleição de 2006. O valor não teria sido declarado à Justiça Eleitoral. Yeda estaria presente na ocasião em que, segundo o PSOL, o deputado José Otávio Germano (PP) deu R$ 400 mil à campanha tucana no segundo turno.

Morte

Esse encontro -que foi gravado, de acordo com o PSOL- teria sido presenciado por Ferst e pelo ex-secretário Marcelo Cavalcante, 41, que foi encontrado morto em Brasília na terça-feira em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Demitido no auge da crise do governo, no ano passado, seu corpo foi encontrado no lago Paranoá -ele havia desaparecido no sábado. Em análise preliminar, a polícia afirmou que o corpo do ex-chefe do escritório do governo gaúcho em Brasília não apresentava sinais de violência. As linhas de investigação são suicídio e assassinato.

Ontem, após o enterro, a mulher de Cavalcante, Magda Koenigkan, afirmou ao jornal "Zero Hora" que seu marido daria um depoimento ao Ministério Público Federal no dia 27. Ela confirmou que a governadora havia convidado Cavalcante a retornar ao governo -o que ele não teria aceitado.

Segundo o PSOL, em outra reunião em que teriam sido entregues R$ 500 mil doados por uma empreiteira, estariam presentes, além de Ferst e Cavalcante, o marido de Yeda, Carlos Crusius, e o ex-secretário de governo da Prefeitura de Canoas Francisco Fraga (PSDB).

Ruas afirmou ainda que seu partido teve acesso a outros vídeos que mostrariam o ex-secretário de Fazenda Aod Cunha em reuniões para a captação de R$ 500 mil com empreiteira e empresas do setor de tabaco.

Outra acusação teve como alvo a compra de uma casa pela tucana em dezembro de 2006. Segundo o PSOL, outros dois vídeos revelam que teriam sido entregues mais R$ 400 mil em dinheiro não declarado para complementar os R$ 750 mil que constam no contrato.
Investigações sobre a compra da casa foram arquivadas pelo Ministério Público Estadual. Resta ainda ação no TCE. Segundo o procurador-geral do Ministério Público de Contas, Geraldo Da Camino, o eventual surgimento de fatos novos -devidamente comprovados- podem influir no processo.

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