A definição do candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser a maior bandeira do PSDB no momento. E à bancada do partido na Câmara Federal cabe centrar foco em duas questões prioritárias: estratégias de oposição responsável ao governo e fiscalização sobre as ações de combate aos efeitos da crise internacional. Em linhas gerais, foi esse o saldo da conversa mantida ontem pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com parte do grupo de parlamentares que ficou descontente com a recondução do deputado José Aníbal à liderança do PSDB na Câmara.
Durante a reunião, conduzida em tom conciliador segundo relato de vários parlamentares, os defensores do esquema de rodízio para a vaga de líder de bancada concordaram com a tese de que a escolha de Aníbal está consolidada e, portanto, questioná-la a esta altura seria apenas uma forma de trazer exposição negativa, “desgaste” e “desagregação” para dentro do PSDB. Na avaliação do ex-presidente Fernando Henrique, a discussão acabaria mudando o foco central do partido que precisa estar unificado para escolher, e o mais rápido possível, quem será o candidato da legenda à sucessão presidencial em 2010.
A crescente exposição da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, até agora a mais provável candidata do PT à vaga do presidente Lula, contribuiu para engrossar o discurso em torno da urgência da unidade e da escolha do candidato tucano. “Esperávamos do governo a administração da crise econômica e não aquilo que vem fazendo, que é perambular pelo país, com Lula e com Dilma, como se a gente estivesse vivendo um período de estabilidade. Enquanto Lula e Dilma fazem isso, o PSDB não pode ficar em lutas. Deve buscar unidade e construir sua candidatura rapidamente para fazer o enfrentamento na questão política sem divergências internas”, afirmou o deputado federal e secretário de Esportes da prefeitura paulistana, Walter Feldman.
Ele mesmo, que liderou a insurreição tucana em São Paulo, quando parte do PSDB rejeitou a candidatura à prefeitura do ex-governador Geraldo Alckmin para apoiar a reeleição do prefeito, Gilberto Kassab (DEM), considerou, após a reunião, que a liderança da Câmara é agora assunto da executiva nacional. Feldman e outros deputados presentes ao encontro, como Júlio Semeghini, trataram de transmitir serenidade após a reunião com Fernando Henrique. Para os tucanos, o partido tem obrigação de tomar uma decisão sobre 2010 bem cedo, seja ela favorável ao governador paulista, José Serra, ou ao mineiro, Aécio Neves, os dois principais presidenciáveis dos tucanos.