quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pobreza recua mais que a desigualdade

Apesar de ter obtido bons resultados na redução da pobreza nos últimos cinco anos, o Brasil não consegue enfrentar com eficiência a desigualdade de renda. Dados divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a desigualdade caiu 0,6% entre 2004 e 2008, enquanto a pobreza extrema decresceu 1,8%, e a pobreza absoluta, 3,1%. São considerados pobres extremos aqueles que recebem até 25% de um salário mínimo por mês, enquanto os pobres absolutos dispõem mensalmente de até 50% de um salário mínimo.

"A pobreza é um fenômeno que pode ser enfrentado com crescimento econômico e com medidas de transferência de renda. No caso da desigualdade, ela não se reverte apenas com esse tipo de ação. Ela exige ações mais sofisticadas, que dizem respeito a redistribuição da própria riqueza gerada. Portanto, passa por políticas de tributação e não só políticas de gastos e despesas sociais", explica o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

De acordo com o Ipea, se o país mantiver, nos próximos seis anos, o mesmo ritmo de queda da pobreza e da desigualdade observados nos últimos cinco anos, o Brasil terá, em 2016, zerado a taxa de pobreza extrema (em 2008 era de 10,5%), e reduzido a taxa de pobreza absoluta para 4% (em 2008, era de 28,8%).

A desigualdade, no entanto, permanecerá alta, em 0,488 da escala Gini (em 2008, era de 0,544). A escala Gini varia de zero a um : quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e, quanto mais próximo de um, maior a concentração de renda.

"É mais eficiente para o bem estar da população a queda simultânea de pobreza e desigualdade. O Brasil avançou, mas ainda tem um caminho muito grande pela frente para redistribuir de fato a renda, o que implicaria incluir na política social a política tributária", avalia Pochmann. Para o Ipea, parte significativa dos avanços alcançados pelo país no enfrentamento da pobreza e da desigualdade está relacionada a políticas públicas, a partir da Constituição de 1988.

Dados do Ipea mostram que, em 2003, famílias com renda de até dois salários mínimos gastavam 48,9% da receita com impostos, enquanto que famílias com renda superiores a 30 salários mínimos gastavam apenas 26,3%.

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