sábado, 9 de janeiro de 2010

Serra diz a prefeitos que vai inundar cidades.Sabesp afirma que duas represas podem passar a descarregar água "em questão de dias"

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), reuniu ontem representantes de 16 municípios para alertar para o risco iminente de inundação no entorno de quatro represas do sistema Cantareira. Com as chuvas constantes dos últimos dias, três delas já estão no limite máximo de operação.

"Foram aqui chamados os municípios potencialmente com problemas. Temos que estar prontos para isso", discursou Serra. Também convocado, o prefeito de Amparo não participou da audiência.

Superintendente da Sabesp, Hélio Luiz Castro avisou que, mantido o ritmo atual das chuvas, duas das três represas em nível máximo -dos rios Cachoeira e Atibainha- passarão a descarregar água "em questão de dias", já a partir da semana que vem.
Chamando as cidades de "potencialmente inundáveis", Serra propôs a adoção de medidas preventivas como a remoção de moradores de áreas de risco.

O secretário da Habitação, Lair Krähenbühl, anunciou um programa emergencial, com vigência de três meses, para concessão de auxílio-moradia de R$ 300 mensais para moradores transferidos de bairros passíveis de inundações, além de financiamento de até R$ 30 mil para reformas de casas atingidas pelas enchentes.

Ao discursar, Serra disse que há "a expectativa de que o governo federal libere cotas do FGTS" para reformas. Mas ressaltou: "É preciso não exagerar o que isso representa. O teto é de R$ 4.600 e está longe de poder recuperar residências gravemente abaladas pelas águas".

Ameaça à estrutura

Afirmando que o volume de chuvas na região é 130% maior do que o histórico, Serra explicou que as represas "não podem deixar de abrir as comportas quando chegam no nível de altura". "Nesse caso, estariam ameaçando sua estrutura."

Questionado sobre assoreamento de rios da região, reagiu: "Grande parte da responsabilidade pelo assoreamento é das prefeituras, prefeituras como pessoas jurídicas, e que não cuidam [dos rios]. Na hora do prejuízo, correm para o Estado".
O governador reclamou publicamente da ausência do prefeito de Amparo, cidade administrada pelo PT. "É injustificável que, no momento em que a gente vem aqui prestar auxílio, o prefeito vire as costas para isso", disse, acrescentando esperar que não haja "motivação política" para a ausência.

Além de Bragança Paulista, sede da reunião, foram à audiência representantes de Itatiba, Joanópolis, Morungaba, Pinhalzinho, Piracaia, Vargem, Caieiras, Franco da Rocha, Igaratá, Salesópolis, Biritiba-Mirim, Tuiuti, Pedra Bela, Nazaré Paulista e Águas de Lindoia.

Serra prometeu "recursos, máquinas, cestas básicas, remédios e obras de emergência".

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