Com previsão para gastar R$ 204 milhões em publicidade ao longo de 2010, ano em que deverá concorrer à Presidência, e dez licitações abertas nos últimos dois anos para contratar agências, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem que seu governo faz questão de ser discreto em relação ao que entrega à população.
Durante cerimônia para anunciar gasto de R$ 282 milhões em pequenas obras nas escolas estaduais, Serra afirmou em discurso que não usa a máquina pública para promover a sua gestão. Ele acrescentou que, sempre que possível, esconderia o logotipo do governo do estado em materiais de divulgação, seguindo o que chamou de “estilo tucano”.
— Aqui está o material, de muito boa qualidade. No estilo tucano: esconde o nome do governo, porque tucano não faz isso, sempre faz tudo direitinho, porque é procedimento correto também não deixar aparecer praticamente o nome do governo nos materiais, usar o poderio do governo para efeito de natureza política — disse ele. — Tucano é nota 100 nessa matéria. Nem todo mundo na política do Brasil é nota 100. Pelo contrário. Fazemos questão.
É uma coisa que está no DNA, nem precisa instruir. Se puder, esconde mesmo.
Encontro com Zito no Palácio dos Bandeirantes Nas últimas semanas, o governo paulista tem feito uma ofensiva publicitária — sete campanhas — em emissoras de rádio e TV, com destaque para apresentação de grandes obras, como a construção do rodoanel e as novas linhas do metrô. O governo estaria estudando, inclusive, a substituição de seu slogan. Trocaria o “Trabalhando por você” por “Um Estado cada vez melhor” Em cima de um palco improvisado, o governador reuniu todo o kit escolar que será entregue aos alunos da rede pública.
Os únicos itens que não traziam o logotipo do governo eram a borracha, tesoura e o apontador, além de materiais esportivos que exibiam o logo do fabricante.
Mochila, caderno, lápis, caneta e cola tinham o símbolo.
Ainda assim, Serra disse que o PSDB não tem por hábito levantar a bandeira da publicidade.
— O tucano é avesso a fazer publicidade quando está no governo.
Não se pode dizer que a gente usa a máquina para promover sequer o governo, que dirá o partido. Os tucanos são imbatíveis nessa matéria — disse ele, que voltou a evitar qualquer comentário sobre sua possível candidatura presidencial.
Serra não quis confirmar sequer se teria um encontro ontem com o presidente do PSDB do Rio de Janeiro, José Camilo Zito. A reunião, no entanto, aconteceu a portas fechadas no gabinete do governador, por cerca de uma hora. Eles teriam tratado sobre as campanhas presidencial e ao governo do Rio. Zito deixou o Palácio dos Bandeirantes pela ala residencial.