Ministros, autoridades do governo e o próprio Lula passaram a embutir em suas falas pelo país alertas para a possibilidade de ruptura nas políticas econômicas e sociais caso a candidata do Planalto, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), não vença as eleições.
Em 2002, quando tucanos e aliados adotaram o discurso do "risco PT", a atriz Regina Duarte foi à TV declarar o voto a Serra, que concorria à Presidência, afirmando ter "medo" de Lula.
Hoje, a estratégia é vincular Dilma à continuidade das políticas do governo Lula, e colar, na possibilidade de vitória da oposição, o risco de retrocesso.
Em entrevista, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ter convicção de que Dilma manteria a atual política econômica -mas sobre o principal nome da oposição para enfrentá-la, o governador José Serra (PSDB), disse não ter a mesma certeza.
Diante dos bons resultados da Petrobras, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, atribuiu o sucesso ao governo Lula e afirmou, também em entrevista, que se tivesse vencido em 2002 e 2006, "o PSDB já teria vendido parte" da empresa.
Ainda mais enfático foi o presidente Lula que, ao encontrar catadores e moradores de rua, alertou para o perigo da não continuidade de seu governo: "Não sabemos o que pode acontecer no país".
Aprovação
O expediente de associar Dilma ao sucesso do governo Lula é uma das principais estratégias de campanha. Sem nunca ter enfrentado as urnas, Dilma tem apenas o trabalho como ministra para mostrar.
O comando do PT e ministros próximos ao presidente rechaçam as expressões "terrorismo" ou "medo". Avisam, entretanto, que intensificarão a estratégia de associar Serra à administração Fernando Henrique Cardoso.
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirma que é "inevitável" a comparação de projetos. "É uma linha de defesa do governo. E não é apenas continuidade, o projeto é continuar avançando", diz.
Segundo o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), o partido quer promover um debate sobre "os destinos do Brasil" -em que sobram ataques para o governo tucano. "[Vamos discutir se o Brasil] vai ser potência mundial ou não", diz ele. "O PT defende o Estado forte, um Estado que enfrenta a crise como nós enfrentamos. Eles acham que isso é gastança", afirmou o deputado.
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, diz que a estratégia de comparação entre os governos terá o seu ápice durante o horário eleitoral. "Não queremos que o eleitor tenha medo. Mas que possa optar entre dois projetos antagônicos."
Berzoini afirma que o tucanato praticou terrorismo também em 1998 ao dizer que a eleição de Lula ameaçaria a estabilidade econômica.
Enquanto o PT investe na comparação dos governos Lula e FHC, o PSDB vai insistir no confronto dos currículos de Dilma Rousseff e José Serra. Os tucanos realçarão as realizações do tucano no governo de São Paulo e no Ministério da Saúde. Lembrarão, por exemplo, a criação dos medicamentos genéricos:
"A história de Serra é anteparo para esse debate medíocre. A estratégia [do medo] não cola em quem fez o genérico e quebrou patente", disse o deputado federal Jutahy Magalhães (PSDB-BA).