quarta-feira, 23 de maio de 2007

Lago paga à Gautama em 24 horas

Outros fornecedores do MA dizem que o normal é demorar 8 meses

O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), autorizou em tempo recorde os quatro depósitos feitos por seu governo em duas contas bancárias da Construtora Gautama. Documentos da Secretaria de Infra-Estrutura do Estado mostram que os pagamentos dos empenhos em nome da empresa foram efetuados, com exceção de um caso, em menos de 24 horas.

Ouvidos pelo Estado, três empresários que prestam serviços ou tocam obras para o governo do Maranhão afirmaram que, em tramitação usual, os empenhos costumam levar no mínimo oito meses para ser honrados pelo Tesouro maranhense. De acordo com a Polícia Federal, Lago teria recebido propinas de Zuleido Veras - dono da Gautama - para apressar a liberação das verbas. Ao todo, o governador liberou R$ 6,12 milhões para a empresa.

O sistema de gestão do Tesouro da Secretaria de Infra-Estrutura mostra que o primeiro pagamento autorizado pelo governo Lago para a construtora foi feito menos de 24 horas depois da apresentação da conta. Empenho identificado como parte do Programa Fonte Natureza - feito para a construção de uma ponte de R$ 2.962,413,00 - entrou no controle do governo estadual às 15h07 de 8 de março deste ano. Foi pago no dia seguinte, às 15h04, na agência do Bradesco do Palácio dos Leões - residência oficial do governador -, por meio de depósito em conta da Gautama no mesmo banco, em uma agência de Salvador.

O segundo empenho - de R$ 492,854,43 - foi apresentado às 15h55 de 30 de março, uma sexta-feira. Na segunda, dia 2 de abril, já estava na conta da empreiteira, às 14h28.

Na transcrição das gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal ao longo das investigações, há uma referência explícita a esse pagamento. No dia 5 de abril, o diretor da Gautama no Maranhão, Vicente Coni, explica para Zuleido Veras como está o andamento da liberação de outras verbas dizendo que dinheiro não é problema porque é possível “transferir verbas de outros locais para fazer pagamentos”. “Os 492 foram pagos através de uma nota orçamentária transferindo um dinheiro que tinha de um aeroporto para a nossa obra”, explica Coni.

O terceiro empenho - de R$ 1.492.867,63 e também identificado como “construção de ponte” - foi entregue na Secretaria de Infra-Estrutura do Estado às 17h49 do dia 24 de abril e o valor foi depositado no dia seguinte, às 15h24. O quarta liberação - de R$ 1.177.286,97 - foi feita quase ao mesmo tempo. O empenho foi apresentado no dia 24, às 17h50, e honrado no dia 25, às 15h25.

Já apelidado nos meios políticos maranhenses como “caixa rápido” e “disque e receba”, o padrão de liberação de verbas para as obras da Gautama nos quatro meses de governo de Jackson Lago parece seguir um método implantando por seu antecessor, o ex-governador José Reinaldo - preso por conta da Operação Navalha. Pelo menos duas das liberações do ex-governador também foram feitas em tempo recorde. Empenho de R$ 5.496.098,70 apresentado em 27 de setembro de 2006 às 12h05 foi pago no mesmo dia, duas horas depois. Outro, no valor de R$ 1.887.728,15, foi apresentado às 10h35 de 27 de outubro e pago pouco mais de cinco horas depois, às 15h15. Ao todo, o governo de José Reinaldo liberou R$ 25 milhões para a Gautama, em 12 pagamentos.

CAIXA RÁPIDO

15h07 do dia 8 de março a empreiteira apresentou a conta de uma obra no Maranhão

15h04 do dia 9 de março o dinheiro do pagamento foi
depositado na conta da empresa numa agência do Bradesco

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