sexta-feira, 18 de maio de 2007

CPI do Apagão entra na fase do bate-boca

Em sua segunda sessão de depoimentos, a CPI do Apagão Aéreo na Câmara já entrou ontem na fase do jogo de empurra e terminou em bate-boca entre deputados governistas e da oposição. O coronel-aviador Rufino Ferreira – responsável pela investigação dentro do Cindacta 1 sobre o acidente com o avião da Gol – revelou que ainda não ouviu os controladores. A deputada Solange Amaral (DEM-RJ) voltou a questionar o porquê de a Aeronáutica não ter aberto ainda um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos controladores. O oficial explicou que esperava a conclusão do inquérito criminal da Polícia Federal, encerrado semana passada – mas o delegado Renato Sayão, primeiro a depor na terça-feira, lavou as mãos e disse que não podia obrigar a Aeronáutica a abrir IPM. Recuados, os oficiais contra-atacaram à tarde e culparam o governo. No segundo depoimento do dia, o brigadeiro Jorge Kersul, responsável pelo resgate no acidente, apelou para o bom senso da União.


"Mais investimentos ajudam, e nós gostaríamos muito que houvesse esses investimentos", disse Kersul, perguntado sobre o Orçamento para o setor. Para a oposição, ficou claro que a Aeronáutica não quis ainda abrir o IPM a fim de investigar o caso. Rufino admitiu que a investigação que coordena no Cenipa – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes – tem caráter "pedagógico e educativo", conforme classificou a deputada Solange Amaral. O coronel Rufino Ferreira explicou que a Aeronáutica vai aproveitar os dados do inquérito da PF para abrir o IPM. De posse do Código Penal Militar, a deputada contra-atacou. Citou o artigo 10º e destacou que, em nenhuma parte, fica estabelecido que a investigação deve começar depois do inquérito criminal, como fez a Aeronáutica. "É um absurdo isso. O motim dos controladores resultou em quatro IPMs. O acidente da Gol, em que morreram 154 pessoas, não gerou um sequer. É estranho isso."

A investigação em curso no Cenipa não punirá ninguém, reconheceu o coronel Rufino, e tem previsão para terminar em setembro. No fim da sessão da CPI, às 15h, houve um bate-boca no Plenário entre deputados da oposição e governistas. A deputada Luciana Genro (PSOL-RS) alterou o tom de voz ao discordar do cronograma estabelecido pelo presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI). "Estou sendo cerceada pelo modus operandi dessa CPI."

No Senado, a CPI começou ontem com ataques da oposição ao governo. As críticas partiram do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), primeiro a falar, com autorização da Mesa Diretora - cujo presidente é Tião Viana (PT-AC) e o relator é Demóstenes Torres (DEM-GO): "Não temos interesse em culpar ninguém, nem o governo, que na realidade tem culpa, porque já devia ter resolvido isso", disse ACM. O senador adiantou que casos de corrupção na Infraero - estatal que administra aeroportos - não vão passar em branco. "A CPI não impede que casos de corrupção sejam detectados aqui ou ali. Não vamos procurar macular o governo, mas também não vamos passar a mão na cabeça daqueles que usaram o governo para se locupletarem, causando o apagão aéreo."


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