sábado, 26 de maio de 2007

Lula defende investigações da PF

Em meio a investigações de corrupção envolvendo políticos de diversos partidos, inclusive aliados do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu ontem a atuação da Polícia Federal, argumentando que quem não quer ser molestado não deve cometer irregularidades. Lula condenou os excessos na apuração, criticando diretamente o vazamento de informações e eventuais atos truculentos, mas afirmou que a Polícia Federal e o Ministério Público vão continuar investigando denúncias de desvio de recursos públicos, a exemplo do que acontece na Operação Navalha.

“A Polícia Federal tem uma função nobre no País e vai continuar combatendo a corrupção, doa a quem doer. Se as pessoas não quiserem ser molestadas, não pratiquem nenhum erro que não serão molestadas”, afirmou Lula depois do almoço oferecido ao presidente do Panamá, Martín Torrijos. Embora tenha criticado os exageros, Lula disse que a Polícia Federal atua com base em decisões da Justiça. Segundo ele, ninguém vai cercear o trabalho de combate à corrupção, mas é preciso que as pessoas, ao serem presas, sejam tratadas adequadamente.

“A Polícia Federal, ao fazer as suas investigações, precisa respeitar o Estado de direito. Não pode haver nenhum ato que seja exagerado pela Polícia Federal. Quando a Polícia Federal prende alguém, ela só pode prender com autorização judicial. Não é uma decisão da própria Polícia Federal”, argumentou. “Você não precisa algemar as pessoas, você não precisa arrebentar a porta de ninguém.”

Segundo Lula, na última quinta-feira, ele disse ao ministro da Justiça, Tarso Genro, chefe da PF, que é preciso conter os exageros nas condutas dos agentes, mas sem prejuízo à apuração da corrupção no País. Para Lula, tanto a PF quanto o Ministério Público são instituições que merecem respeito e consideração da população. “Eu, por exemplo, acho que, quando está num processo de investigação, você não pode ficar vazando notícias antes que termine o processo, a investigação. Senão você execra as pessoas primeiro pelas manchetes dos jornais para depois elas serem inocentadas e ninguém publicar o seu ato de inocência. De qualquer forma, eu penso que, além dos exageros, precisamos continuar combatendo a corrupção”, disse.

O presidente evitou comentar as denúncias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), limitando-se a dizer que não faria julgamento com base somente em uma notícia. Lula disse ter conversado com Renan nesta semana, antes da publicação da denúncia pela revista Veja, e ele estava tranqüilo. “Eu não vi nenhuma matéria ainda. Eu aprendi, nesse período todo, que pobre de quem fizer julgamento de alguma pessoa por uma matéria. Essas coisas têm que ter um processo, uma investigação, uma chance daqueles que são acusados a prestarem as suas explicações. Senão, estaremos banindo do País uma conquista que foi nossa”, afirmou Lula.

O presidente demonstrou ainda não ter pressa em anunciar o substituto de Silas Rondeau, que deixou o Ministério de Minas e Energia acusado de receber R$ 100 mil da construtora Gautama. Lula não confirmou nem negou a escolha do técnico Márcio Zimmermann para o cargo. “Eu vejo vocês com inquietação, eu não estou inquieto. Vai ser anunciado quando eu entender que deva anunciar.” Ao falar de Zimmermann, o presidente fez uma referência aos técnicos de futebol: “Não sei (se é o Zimmermann). Vocês já viram jogo de futebol? Às vezes, não adianta a torcida de fora ficar gritando põe Fulano, põe Beltrano. O técnico, na hora certa, põe as pessoas que sabe pôr”, comparou o presidente.

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