quarta-feira, 25 de abril de 2007

Preterida pelo governo Serra, Zulaiê critica aproximação com Lula e deixa PSDB

Preterida pelo governo Serra, Zulaiê critica aproximação com Lula e deixa PSDB. Fundadora do PSDB, a ex-deputada federal Zulaiê Cobra entregou ontem sua carta de desligamento do partido. O principal motivo, segundo a Cobra, são os posicionamentos que a sigla vem tomando no início do segundo mandato do Presidente Lula "O povo me pára na rua para perguntar o que o PSDB está fazendo, para que serve o PSDB. A oposição que fazemos é frágil. Estamos virando uma extensão do Palácio do Planalto", afirma.

Além disso, questões internas foram afastando-a da legenda. Em especial, as dificuldades em conseguir espaço para se candidatar em eleições majoritárias. Foi preterida nas disputas à prefeitura paulistana em 1996 e 2004, e ao Senado em 2002 e 2006. No ano passado, aliás, relata que em troca de sua desistência em prol da candidatura do aliado Guilherme Afif Domingos, ganharia uma secretaria no governo de José Serra. Segundo ela, desde a posse, o tucano nunca a procurou.

Por que a senhora deixou o PSDB?

Zulaiê Cobra: O PSDB não foi criado para o pulsar das ruas, como dizia Mário Covas? E agora as ruas estão pulsando. E o partido está muito distante delas. O povo não acredita mais no PSDB.

Isso vem desde quando?

Zulaiê: Os últimos anos não foram bons para nós. Na crise, briguei muito e não encontrava eco no PSDB. Não queriam falar em impeachment. Achavam até que o (Antonio) Palocci (deputado e ex-ministro da Fazenda) era um homem importante, que não podia falar mal. O partido sempre distante em posicionamento, com o (Alberto) Goldman (vice-governador de São Paulo), como líder, depois com o Jutahy (Junior, ex-líder do PSDB na Câmara). Nesse ano, o Jutahy foi o líder que declarou voto no Arlindo Chinaglia (presidente da Câmara). Como posso ter um líder que diz que vai votar no Chinaglia?

A aproximação com o presidente Lula ajudou?

Zulaiê: A gente vê no noticiário Serra fazendo acordo com Lula para ser candidato a presidente. O PSDB está se desestruturando. Indo para um caminho que é um só. Serra ou Aécio (Neves, governador de Minas). E os outros não existem. O Serra com essa mania, essa perseguição de ser candidato a presidente da República toma atitudes que a gente não entende. O Aécio, todo mundo falando que vai ser candidato pelas mãos do Lula. Então os dois maiores representantes do PSDB em matéria de governo, as duas maiores vozes que a gente poderia ter na oposição para criticar, ficam sendo uma extensão do governo Lula. Não posso concordar com meu presidente Tasso Jereissati ir visitar o presidente Lula sem um motivo aparente. A oposição virou tapete do Lula? O Lula agora sai do Palácio e fica andando em cima da oposição?

Com esse posicionamento, a senhora se sentiu desprestigiada pelo partido?

Zulaiê: Não fui devidamente valorizada por aquilo que represento dentro e fora do partido. Disputei internamente várias pré-candidaturas. A Prefeitura de São Paulo em 1996 e 2004, o Senado em 2002 e 2006. E todas as vezes tive que abrir mão em razão dos acordos que eram necessários e os interesses partidários. Tudo bem. Você abre mão de candidaturas majoritárias para que nossos líderes possam ser eleitos, mas daí fica sempre assim.

Por exemplo.

Zulaiê: Disputei uma pré-eleição junto com o (José) Aníbal (deputado federal) e o (Walter) Feldman (secretário de Esportes da Prefeitura de São Paulo). E o candidato preferido do (Geraldo) Alckmin (candidato derrotado à Presidência pelo PSDB) na época era o Saulo (de Castro Abreu, ex-secretário de Segurança do governo paulista). Então a gente tem dificuldades dentro do partido. Vem a desconsideração, a falta de valorização e de atenção para a a militância, os membros do partido.

Isso se estende ao Serra também?

Zulaiê: Desde a posse, o Serra nunca me telefonou. Tínhamos uma conversa quando abri minha candidatura ao Senado para o Afif. Havia aquela conversa: "Você vai ser minha secretária, vamos trabalhar juntos". Tenho várias testemunhas. E a partir do momento que ganhou a eleição, acabou. Não tem mais diálogo com ninguém. Não é só comigo não, é com ninguém.

Como a senhora deixa o PSDB?

Zulaiê: Deixo um partido enfraquecido, distante daquilo que a gente gostaria que fosse hoje. Uma oposição forte, latente, determinada, que mostrasse ao povo brasileiro todas as mazelas do PT essas situações todas que não foram bem explicadas.

Algum partido em vista?

Zulaiê: Tenho muitos convites de partidos pequenos. Do PPS, PSP, PV, PHS, PSL. Mas estou ainda pensando. Vou para um partido que me queira, que possa fazer um trabalho e até eventualmente ser candidata a prefeita de São Paulo.



1 Comentários:

  • quarta-feira, 25 abril, 2007
    Anônimo Disse:

    A " Cobra" mordeu o rabo...Quem semeia ódio vai colher...

    delete

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --