O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, intensificou ontem os ataques ao agora principal oponente na disputa, o prefeito Gilberto Kassab, do DEM. O segundo alvo do ex-governador foram os aliados tucanos do prefeito. Depois de semanas poupando os chamados kassabistas - integrantes do PSDB que apóiam Kassab -, Alckmin, ontem, desistiu da diplomacia. "É mero oportunismo de ambos os lados", disparou.
Diferente do início de sua campanha, Alckmin também perdeu a paciência com o prefeito e também classificou de "oportunista" a tentativa de Kassab de colar sua imagem ao PSDB, mais especificamente na figura do governador do estado, o tucano José Serra. "Kassab não tem nada a ver com o PSDB", disparou Alckmin, ontem, durante visita ao bairro da Barra Funda, região Oeste da capital paulista.
A reação inusitada de Alckmin, que realizava até ontem uma campanha de críticas amenas à Kassab e a seus apoiadores tucanos, foi conseqüência da presença de integrantes do PSDB no lançamento do programa de governo do candidato do DEM realizado também ontem. "Tudo tem limite, isso é uma provocação", disparou o coordenador da campanha de Alckmin, o deputado Edson Aparecido (PSDB).
O principal articulador do apoio do PSDB à candidatura de Kassab, Walter Feldman, secretário municipal de Esportes, disse que estaria traindo sua consciência se estivesse em outro palanque. "Os tucanos presentes no lançamento do programa do Kassab estamos absolutamente à vontade", afirmou Feldman.
Para justificar a sua presença e a de outros integrantes do PSDB no evento de campanha de Kassab, os tucanos organizaram uma homenagem à administração de Serra na prefeitura. O agora governador foi citado na cerimônia por secretários de governo, assessores e pelo próprio prefeito. Todos afirmaram que a atual gestão segue as diretrizes implantadas pelo governador quando ocupou a prefeitura. "Entendo sua situação, ela é complexa. Não criarei nenhuma situação difícil para ele, ao contrário. Tenho certeza que ele tem muito orgulho da nossa administração, que se iniciou com ele. Eu compreendo sua posição e em nenhum momento vou criar nenhum embaraço para ele", disse Kassab ao justificar a ausência de Serra na cerimônia. "O prefeito pegou na mão o programa do Serra, levou adiante e ainda conseguiu melhorá-lo com sua ação, o seu trabalho", afirmou no discurso o secretário de Educação, Alexandre Schneider, do grupo tucano do secretariado de Kassab.
Serra foi eleito prefeito em 2004, com Kassab como vice . Ocupou o cargo até 2006 quando saiu para se candidatar ao governo do estado. Kassab assumiu a prefeitura e manteve praticamente todo o secretariado escolhido pelo tucano. Essa continuidade também garantiu ao prefeito o apoio de quase toda a bancada tucana na Câmara Municipal. As desavenças internas dos tucanos surgiram quando Alckmin decidiu lançar-se como o nome do PSDB para disputar a prefeitura paulistana, à despeito das promessas de Serra que havia se comprometido a apoiar Kassab. Os vereadores tucanos acompanharam, a preferência do governador.
FundadoresApós a visita à Barra Funda, Alckmin foi questionado se não sentia algum constrangimento por ter perdido para Kassab o apoio de tucanos que ajudaram a fundar o PSDB. Em resposta, o candidato tucano fez um trocadilho: "Só se for afundar (o partido). Fundar não", ironizou.
Alckmin, no entanto, evitou falar sobre a eventual expulsão dos kassabistas da legenda. Ele afirmou que depois das eleições não fará nada além de "ignorá-los". "Se as pessoas agem independentemente de decisão partidária, não precisa ter partido. Eles não têm o menor compromisso com o PSDB. Eles têm compromisso com o poder", emendou. Edson Aparecido, por sua vez, disse que as providências precisam ser tomadas pelo partido. "Essas pessoas não tem nenhum compromisso com o partido.
Infelizmente o PSDB está contaminado e eles fazem com que o partido seja apenas um jogo de conveniências", finalizou o coordenador da campanha tucana. Alckmin ainda disparou contra Kassab ao lembrar as origens políticas do prefeito. "Kassab também não tem nada a ver com o PSDB. Em 1996, quando Serra era candidato a prefeito, Kassab apoiou o Pitta, em 1998, quando Covas foi candidato a governador, Kassab apoiou o Maluf", acrescentou o tucano.
Seguindo a estratégia de polarizar apenas com Marta Suplicy (PT), Kassab evitou comentar as críticas de Alckmin. O candidato democrata não fez questão nem de se defender da tática de campanha do tucano de tentar associá-lo com os ex-prefeitos Celso Pitta e Paulo Maluf.
Indagado se os ataques mostram um sinal de desespero de Alckmin, Kassab desconversou e disse que sua campanha vive um momento zen. "Queremos é mostrar o quanto fizemos nesses últimos dois anos e meio. Não vamos nos preocupar com a campanha de adversários", destacou o prefeito após encontro com representantes da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Hoje Alckmin madruga e planeja distribuir panfletos de sua campanha na porta de uma garagem de ônibus na zona Norte da capital paulista, em seguida dá entrevista para a Rede Globo. Já Gilberto Kassab mistura, novamente, sua agenda de campanha com a de prefeito da cidade. Ele também dá entrevista à televisão - Rede Bandeirantes - e depois vai vistoriar obras municipais. Logo depois se encontra com a comunidade japonesa na região central da capital paulista. A petista Marta Suplicy visita a zona Sul da cidade em um corpo a corpo com os eleitores. . À noite tem um encontro com esportistas que terá a participação do Ministro dos Esportes, Orlando Silva.