quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Crescimento da economia justifica política monetária mais austera


O forte aquecimento da economia, que continua pressionando os índices de inflação, deve levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a aumentar os juros em 0,75 ponto percentual na reunião que termina hoje. Roberto Padovani, economista-chefe do Banco WestLB, avalia que uma nova alta nos juros é necessária justamente para fazer o Brasil voltar a crescer dentro do seu potencial, sem provocar pressões nos preços. "A economia continua mostrando sinais de forte expansão e as expectativas de inflação ainda estão acima do centro da meta em 2009."

Para o economista, dois pontos devem guiar a decisão do Copom. O primeiro, e mais importante, é a missão do Banco Central de manter sob controle o risco inflacionário. O segundo se refere à necessidade do BC de tornar suas decisões antecipáveis pelos agentes econômicos. Isso, avalia o economista, aumenta a eficácia da decisão. Uma surpresa, porém, não seria bem-vinda pelo mercado e poderia indicar que o Copom estaria se pautando por outros fatores que não os esperados pelo mercado.

Padovani argumenta que a melhoria na inflação corrente influenciada, entre outros fatores, pela queda nos preços das commodities pelo mundo afora, "não necessariamente interfere nas decisões do Copom", embora tenha impacto na formação das expectativas de inflação e na formação de preços. As expectativas de inflação futura, por exemplo, ainda estão acima do centro da meta para 2009.

Nesse cenário, o BC tem que se esforçar para fazer o Brasil crescer perto de seu potencial. O remédio é um novo aumento dos juros - na reunião passada, a taxa foi elevada em 0,75 e nas duas anteriores, foram dois aumentos de 0,50 ponto. A previsão do WestLB é que o Brasil deve crescer 4,5% este ano, frente a 5,4% registrados no ano passado. Ele prevê que a inflação fique em 6,3% este ano.

Dentro da estratégia do BC de manter os índices de preço sob controle, Padovani prevê que a alta na Selic esperada para hoje ainda não será suficiente, embora reconheça que há uma efeito defasado das ações do BC na economia. O economista projeta que a taxa básica de juros deve terminar o ano em 14,75%. Isso indica que, além do aumento esperado para hoje, mas dois outros devem ocorrer até o final do ano.

Já com relação à necessidade de o BC não surpreender o mercado, Padovani ressalta que uma mudança no ritmo de alta "poderia indicar um novo cenário desenhado pelo Copom ou uma nova maneira de agir". Poderia indicar, por exemplo, que o BC passou a se pautar pela inflação corrente.

Em um momento de extremo nervosismo do mercado, Padovani acha que o movimento global que provocou forte alta do dólar em relação a praticamente todas as moedas é exagerado. Para o economista, os grandes investidores passam por um momento de reavaliação e realocação das carteiras movidos por fatores como a preocupação com o crescimento europeu. Esse movimento vem penalizando as bolsas de países emergentes. Difícil, diz ele, é saber se o rearranjo das carteiras já chegou ao fim ou ainda vai provocar nova rodada de quedas das bolsas e alta do dólar.

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