quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Vídeos comprometedores contra adversário em Chapecó


O candidato à Prefeitura de Chapecó José Fritsch (PT) partiu para o ataque nesta reta final de campanha contra o candidato à reeleição, João Rodrigues (DEM). Fritsch, ex-ministro da Pesca do governo Lula, decidiu disparar vídeos que comprometem o adversário. A primeira gravação foi ao ar na sexta-feira à noite e outras quatro foram transmitidas no seu programa eleitoral na última segunda-feira. O DEM rebateu a acusação do petista e ao longo do programa em que respondeu às acusações, Rodrigues chegou a chorar.

A campanha de Fritsch, que tem apoio do PP, enfrenta uma chapa pura do DEM, partido que tem força política em SC, principalmente por ser Estado do presidente de honra do partido, Jorge Bornhausen. Outros dois partidos têm candidatos na cidade: Luciano Buligon (PMDB) e Paulinho da Silva (PCdoB), mas a polarização está entre DEM e PT, como foi na eleição de 2004.

O ataque de Fritsch começou com o uso de uma gravação de uma conversa do demista com seu vice, Élio Cella, em que comentam sobre um suposto superfaturamento na compra de um caminhão. Na TV, o PT começa com um o aviso: "Preste atenção nesta conversa entre o atual prefeito e o prefeito em exercício". E reproduz o diálogo: "E aí a gente qualifica aquilo como central de resgate social também. Compra um caminhão-baú para tirar uma comissãozinha, e claro, um caminhãozinho que custa assim R$ 10 milhões, a gente compra por R$ 30 milhões".

Rodrigues diz que foi atacado por "uma farsa grotesca, montada por Fritsch". Explicou que foram usadas imagens de gravação do programa eleitoral de 2004, em que fez comentários nos bastidores da campanha, em tom de brincadeira. E usou um exemplo de uma conversa de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2002, como algo similar ao que ocorreu com ele, reproduzindo um vídeo em que Lula tece comentários pejorativos sobre a cidade de Pelotas (RS).

"A montagem foi tão cruel e tão sórdida e não respeitou nem o lar do vice-prefeito Cella", disse Rodrigues em seu programa eleitoral. Ele retornou ao cenário da conversa de 2004 e disse que foi pedir perdão ao Cella por ter feito uma brincadeira de mau gosto. "Fizemos (uma brincadeira) entre eu e ele apenas para captar imagens. A privacidade não foi respeitada. Alguém furtou da nossa coligação uma fita e ela foi parar na mão do PT e o off do programa foi usado indevidamente, dando a entender que estaríamos promovendo algo desonesto. A brincadeira foi minha, a culpa é única e exclusivamente minha". E comentou que o vídeo tinha intenção de dar "a impressão de que seríamos os maiores bandidos desta cidade".

Rodrigues chorou após essa declaração e em seguida sua produção fez uma entrevista com ele em que diz que a "pior coisa é tentar emplacar a gente de desonesto. Tanto eu quanto o Élio. Ele não tinha direito de fazer isso (...) Eu imagino minha filha na escola, como é que fica?"

Ao Valor, ele lamentou o ocorrido e disse que off é algo íntimo e inviolável. Disse que também tem material para atingir Fritsch, que vai responder mais uma vez aos ataques do PT, mas depois vai voltar a fazer um programa propositivo.

Um inquérito criminal vai investigar o furto da fita e sua recepção. Na segunda-feira, o programa eleitoral das 13h do DEM havia deixado um recado: "O que existe é a maldade de Fritsch, que montou mais uma farsa", trecho que foi retirado do ar pela justiça eleitoral a pedido da coligação do PT no programa da noite. A justiça ainda não decidiu se dará direito de resposta ao petista.

Fritsch fez um Boletim de Ocorrência contra o adversário, que o teria acusado de ter comprado a gravação, e nega que tenha havido montagem. Alega que o vídeo representa "a verdade do que é Rodrigues de fato". Disse que o comitê da campanha recebeu um DVD de forma anônima com o conteúdo e decidiu usá-lo porque "casava" com o que sua campanha vinha dizendo: "Estávamos há muito tempo perguntando para onde estava indo o dinheiro de Chapecó. Há desvio de dinheiro na prefeitura", acusou.

A Justiça Eleitoral também decidiu pela retirada do primeiro vídeo de Rodrigues usado pelo PT, mas ele já foi parar no site You Tube e mais de 16 mil pessoas já o tinham visto até ontem. Outras imagens mostradas na segunda-feira por Fritsch com outras gravações de Rodrigues também foram colocadas no You Tube.

Fritsch diz que as pesquisas internas apontam que o PT está hoje em momento de virada na cidade. A pesquisa Brasmarket, única até agora realizada na cidade, aponta que o candidato João Rodrigues lidera com folga, tendo 59% das intenções de voto enquanto Fritsch aparece em segundo com 19%.

O petista já foi eleito duas vezes prefeito de Chapecó, em 1996 e em 2000. Na eleição de 2004, o hoje deputado federal Claudio Vignatti foi quem saiu como candidato do PT ao município. Fritsch havia deixado a prefeitura para tentar o governo do Estado em 2002, e depois se tornou ministro da pesca do governo Lula. Rodrigues ganhou em 2004, com 43,83% dos votos. Vignatti ficou em segundo, com 37,39 %.

Como presidente do PT em Chapecó, em maio deste ano Fritsch já mostrava que a briga ia ser grande com Rodrigues. Ele protocolou ação no Ministério Público Estadual contra o candidato do DEM alegando abuso de poder econômico por ter usado estrutura do município ao convocar estagiários da prefeitura para uma reunião política. "A ação é para preservar o dinheiro público de Chapecó e para que ele, mesmo que ganhe, não assuma", dispara Fritsch.

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