Apesar de a Petrobras não ter informado as dimensões da descoberta confirmada de gás e óleo leve no bloco BMS-24, conhecido como Júpiter, na área do pré-sal, alguns analistas vislumbraram no comunicado da empresa indícios positivos com relação às expectativas da companhia. Na noite de quarta-feira, a estatal confirmou uma "importante" descoberta de uma "grande" jazida de gás natural e óleo leve ao avançar na perfuração do poço em Júpiter, na Bacia de Santos, o que confirma a descoberta que tinha sido anunciada em 21 de janeiro deste ano.
Para a analista Mônica Araújo, da Ativa Corretora, embora as dimensões da jazida não tenham sido detalhadas, o tom do comunicado da empresa é bastante positivo, o que seria uma boa indicação. "Os inúmeros adjetivos usados no comunicado da empresa dão o tom do otimismo com essa confirmação de uma "grande" jazida", disse ela.
A perfuração do poço de Júpiter, que já tinha sido interrompida algumas vezes por questões operacionais, pôde agora ser aprofundada, o que permitiu constatar a continuidade de reservatórios de gás natural e óleo leve, e de elevado teor de gás carbônico.
Para a analista da Ativa essa é uma outra notícia positiva, pois o gás carbônico é reinjetado e aumenta o fator de recuperação de petróleo, o que também contempla reivindicações de ambientalistas. A analista mantém a recomendação de compra para o papel, mas está revisando preço-alvo e só deve concluir esse processo depois que a empresa divulgar o plano estratégico e após as definições sobre o modelo regulatório.
Já os analistas do Unibanco Research avaliaram, em relatório, que não havia muitas novidades no comunicado da empresa sobre as reservas de Júpiter e prevêem que detalhes sejam divulgados no médio prazo. Porém, os especialistas destacam que isso não muda a visão positiva para a Petrobras e a recomendação de compra para os papéis.
O analista da Ágora Corretora Luiz Otávio Broad também avalia que o comunicado não traz muitas notícias, porém concorda que o tom do comunicado dá a idéia de que a expectativa da Petrobras com o potencial pré-sal é positiva. Para Broad, os detalhes sobre a dimensão de Júpiter só devem ser divulgados no próximo ano.
Júpiter fica a 290 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e 37 quilômetros a leste da área de Tupi, descoberta no ano passado. A profundidade final atingida foi de 5.773 metros a partir da superfície do mar. Nessa área, a Petrobras detém 80% do consórcio formado para exploração e produção, que é composto ainda pela empresa portuguesa Galp Energia, que detém os outros 20%. A Petrobras informou que prosseguirá com as atividades e investimentos necessários, com o objetivo de verificar as dimensões da nova jazida e as características dos reservatórios.
Ontem, as ações preferenciais da estatal subiram 4,52% no pregão, saindo de R$ 34,49 para R$ 36,05. As ordinárias subiram 4,58%, atingindo R$ 44,05, enquanto o Ibovespa teve alta de 3,98%. Porém, o que chamou a atenção de gestores e investidores do mercado foi a alta que os papéis tiveram no pregão de quarta-feira, antes do comunicado sobre Júpiter. Contra a tendência do restante do mercado, as ações preferenciais subiram 3,73% e as ordinárias outros 2,76%, o que acabou influenciando o índice Bovespa, que fechou com leve alta, de 0,5%.
Esse comportamento e as altas nos volumes das opções suscitaram comentários no mercado sobre a possibilidade de a informação ter circulado antes da divulgação formal. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou por meio de sua assessoria, porém, que ainda está analisando os dados.