Fernando Gabeira (PV) prefere ficar de fora da discussão técnica das pesquisas e centrar o ataque no cunho subjetivo. Sem cerimônia, critica a TV Globo por se basear na pesquisa do Ibope, mesmo instituto contratado pelo PMDB.
– Não vou entrar na questão técnica das pesquisas. Há uma consciência no mundo político de que o Ibope trabalha para o PMDB. As pesquisas do Ibope definem a cobertura da TV Globo. Como a TV Globo é concessionária, deveria trabalhar com institutos que não tenham como clientes partidos que disputam a eleição – dá o recado.
O Ibope informou que faz pesquisas eleitorais para partidos políticos, veículos de comunicação e comitês de campanha, mas não divulga os nomes dos clientes que contratam as pesquisas.
Crivella e Paes tranqüilos
Contente com a liderança nos levantamentos e com a metodologia usada pelos institutos, Marcelo Crivella (PRB) está ciente de que os resultados do Ibope e do Datafolha servem de balizadores na hora do voto. Eduardo Paes (PMDB), em segundo lugar, negou-se a emitir opinião sobre o assunto.
– Não pretendo me especializar em pesquisa eleitoral. Não me excito nem me deprimo com pesquisa, continuo trabalhando duro para chegar ao eleitor – desconversou.
Solange Amaral (DEM) acredita que, neste momento da campanha, as pesquisas não influenciem muito, pois os eleitores ainda estariam se informando a respeito dos candidatos. Às vésperas do voto é que os eleitores devem consultar as pesquisas, na opinião da candidata de Cesar Maia.
– Na última semana, os eleitores são influenciados pelo que as pesquisas apontam – acredita Solange, confiante nos resultados divulgados pelo Ibope e Datafolha e satisfeita com a metodologia adotada.
Jandira Feghali (PCdoB), por sua vez, reclama da forma como a imprensa divulga os resultados das pesquisas nas manchetes.
– Eu detecto isso como um problema sério. Mas do que a pesquisa, é isso que induz a interpretação do eleitor – critica. – Quando Paes está um ponto à frente, ele é o segundo. Quando sou eu, está empatado. Diferentemente do que os institutos declaram, a eleição não está decidida.
Molon (PT) tem certeza de que se o resultado das pesquisas espontâneas fossem mais divulgadas a população carioca teria outra idéia da situação dos candidatos.
– Eles saberiam, por exemplo, que mais da metade dos eleitores ainda não se decidiu, que a eleição está indefinida e que ninguém ainda está no segundo turno – defende.
Chico: "pesquisas precárias"
Chico Alencar (PSOL) classifica as pesquisas estimuladas como "precárias". Para o candidato, as melhores pesquisas para análise das conjunturas são as espontâneas.
– São as que dizem que apenas 20% dos consultados escolhem o candidato para prefeito. As demais induzem, porque, como o voto, virou mercadoria. Já ouvi eleitor dizer "Não vou desperdiçar meu voto. Vou votar em quem está na frente". É a mais terrível concepção do atraso político. É o voto despolitizado – lamenta.
Para Paulo Ramos (PDT), pesquisas deveriam ser proibidas.
– Aliando a pesquisa aos meios de comunicação, que, segundo Brecht, são casas comerciais, é um conluio que retira do eleitor a possibilidade de refletir para decidir.