Os metalúrgicos do complexo industrial da Ford em Camaçari, na Bahia, saíram na frente dos demais trabalhadores do ramo e conseguiram reduzir para 40 horas seu período semanal de trabalho. O acordo entra em vigor a partir de outubro e valerá por dois anos, sem que as horas que deixaram de fazer parte da jornada sejam compensadas pelo banco de horas.
A conquista foi possível depois de muita negociação e uma paralisação de 24 horas há duas semanas. O período semanal de trabalho no complexo já era de 40 horas e 50 minutos desde 2006. Em 2004, ele já havia sido reduzido de 44 horas semanais para 42 horas. A Ford confirma a semana de 40 horas, mas não comenta o assunto.
A montadora, segundo Aurino Pedreira, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, não queria reduzir o tempo de trabalho alegando que planeja novos investimentos nessa unidade.
Os trabalhadores bateram o pé e agora esperam que a redução da jornada possa, posteriormente, levar a novas contratações. "Não somos a favor de horas-extras ou banco de horas. O trabalhador pode até ganhar mais em um primeiro momento, mas a categoria como um todo perde, porque esse tipo de ação inibe a geração de emprego", diz o sindicalista. Pedreira explica que a redução vale para os 8,5 mil trabalhadores do complexo e mais 1,5 mil de empresas prestadoras de serviço. "Todas as 27 empresas que estão lá terão que cumprir isso", afirma.
Segundo o acordo fechado nesta semana, os empregados da Ford também só poderão ser chamados para trabalhar por oito sábados a mais dos que o que já trabalham ao longo dos próximos dois anos. Por sábado extra trabalhado, receberão, em média, R$ 450. E terão direito a compensar esse dia com folga a ser acrescida no período de férias. O valor total referente aos oito sábados é de R$ 3,6 mil e, até o fim de setembro deste ano, a montadora já adiantará o pagamento de R$ 2,5 mil aos trabalhadores.
Na Ford de Camaçari, os trabalhadores têm conseguido aumentos salariais expressivos e melhores dos que os conquistado pelos metalúrgicos do Estado da Bahia. "É diferente negociar com uma empresa do porte da Ford e com pequenas metalúrgicas", diz Pedreira. Neste ano, contudo, o sindicato preferiu não brigar tanto por aumento salarial e centrar fogo na redução da jornada. Mesmo assim, o acordo fechado em julho, data-base da categoria, garantiu reajuste real de 2% para todos os metalúrgicos baianos.