A indústria brasileira poderá atingir, no futuro, condições de construir sondas de perfuração com as tecnologias mais modernas empregadas hoje na perfuração das áreas do pré-sal, disse o gerente da divisão sul-americana da Transocean, Iain Hope, que participou ontem da Rio Oil & Gas.
De acordo com o executivo, as sondas com tecnologia mais avançada tem a construção concentrada em Cingapura e Coréia do Sul, nos estaleiros Hyundai, Daewoo e Samsung. Hope frisou que os sul-coreanos levaram 30 anos para atingir o atual estágio de fabricação desse tipo de equipamento e que "não há razão para que o Brasil não atinja esse patamar".
Hope não deu estimativas de quanto tempo a indústria do país levaria para ter capacidade para construir sondas de alta tecnologia, mas lembrou que entre as vantagens brasileiras estão a experiência em setores delicados, como a siderurgia e o fornecimento de equipamentos para a indústria do petróleo.
"Essas sondas não podem ser construídas nos Estados Unidos ou na Europa. Mas eu não vejo razão para que o Brasil não consiga atingir esse nível de tecnologia", disse.
A Transocean já possui sondas com capacidade para perfurar no pré-sal. Desde 2002 foram 340 poços no Golfo do México, dos quais 240 em águas profundas. Segundo Hope, 80% dos poços foram perfurados em profundidades - incluindo lâmina d´água - superiores a 7 mil metros. Entre os recordes mencionados por Hope estão os 10.243 metros conseguidos pela sonda Discover Spirit e os 9.943 metros obtidos pela Deepwater Nautilus.
O executivo acrescentou que a empresa tem, atualmente, cinco sondas a serviços da Petrobras e constrói mais uma, na Coréia do Sul, que será afretada à estatal brasileira. A última sonda da Transocean a chegar ao país foi entregue à Repsol, que a utilizará para trabalhos de perfuração nos campos de Panoramics e Vampira, na Bacia de Santos.
O presidente da Repsol no Brasil, João Carlos de Luca, confirmou que a sonda irá para os dois campos em Santos, situados entre Merluza e Mexilhão, mas não soube informar em qual dos dois campos as perfurações serão iniciadas.
Outra empresa a demonstrar boas expectativas quanto ao futuro da exploração e produção no Brasil foi a Baker Hughes. De acordo com o presidente da companhia, Chad Deaton, a fornecedora de equipamentos para o setor de petróleo negocia com duas universidades brasileiras um acordo para produzir estudos para soluções de alta tecnologia com o objetivo de facilitar a exploração do pré-sal. O executivo lembrou que a empresa já trabalha em conjunto com a Petrobras em diversos projetos para desenvolvimento de equipamentos.
"Estamos focados no pré-sal no Brasil", afirmou Deaton, que não quis revelar os nomes das universidades para "não criar competição entre elas". Deaton explicou que o foco no pré-sal é necessário para superar alguns desafios inerentes ao tipo de acumulação de petróleo existente no local. Segundo ele, apesar de a Petrobras ter reconhecida experiência em águas profundas, há tecnologias-chave que precisam ser desenvolvidas para que a exploração da região seja bem-sucedida. "Há desafios complexos de ancoragem, engenharia submarina e da própria instabilidade da camada de sal."