sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Funcionário do Senado acusado de pagar por sexo com garotas de 14 e 16 anos


Um alto funcionário do Senado Federal está sendo acusado na Delegacia de Polícia de São Sebastião (30ª DP) de exploração sexual de adolescentes de baixa renda. O funcionário de um dos gabinetes da Casa teria pago para manter relações com meninas de 14 e 16 anos. Depoimentos das próprias adolescentes e de porteiros do prédio onde mora o acusado, na Asa Sul, fazem com que o delegado considere o caso já resolvido. “São provas testemunhais irrefutáveis. Tenho certeza do envolvimento”, resume André Victor do Espírito Santo, titular da 30ª DP. O servidor, que é advogado, nega todas as acusações e se diz vítima de uma armação.

A delegacia entrou no caso no dia 21 de agosto, quando a mãe de uma menina de 14 anos deu queixa de seu desaparecimento. “Ela chegou em casa com uma série de produtos caros e a mãe quis saber a procedência. Ao descobrir que ela havia recebido dinheiro por sexo, essa mãe reagiu muito mal e a menina, assustada, fugiu. Ficou quatro dias na casa de amigos”, relata o delegado. “Quando ela voltou foi ouvida na Seção de Atendimento à Mulher (SAM) e nos contou tudo. Fomos, então, atrás de outras adolescentes e montamos a história”, completa.

A menina de 14 anos contou à polícia que foi convidada por uma colega de 16, moradora do Guará, para acompanhá-la em um encontro. As duas teriam ido na tarde do dia 21 de agosto, uma quinta-feira, ao local combinado: as proximidades da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na 307/308 Sul. “Ele as levou de carro para o apartamento e, já no quarto, pediu que elas se despissem. Com elas nuas, perguntou a idade da adolescente de 14 anos e, ao ser informado, teria dito ‘que delícia’ e lhe dado preferência, segundo a outra menina, a de 16 anos”, narra Espírito Santo. Após fazer sexo com as duas ele teria dado R$ 400 a cada uma e as deixado em um shopping, onde gastaram o dinheiro em bolsas, tatuagens removíveis e piercings.

Guará
A polícia apurou então que a adolescente de 16 anos havia sido recrutada por uma amiga da mesma idade, também moradora do Guará. “Que, por sua vez, foi colocada no esquema por uma quarta menina, de Taguatinga, que hoje tem 18 anos”, explica. As duas últimas foram prestar esclarecimentos na delegacia na companhia do servidor, que se apresentou como advogado da maior de idade. “Mas já sabíamos o nome dele e não permitimos, ele foi ouvido sim, mas como envolvido”, conta a agente Maria Irlanda Mendes, chefe da SAM.

As duas meninas — a de Taguatinga e a primeira a ser recrutada no Guará — e o advogado contaram uma versão diferente para os fatos. As adolescentes negaram ter feito programa com o homem. O servidor, por sua vez, disse que encontrou as duas outras meninas — a segunda do Guará e a de São Sebastião — ocasionalmente no dia 21 de agosto e que a garota de 16 anos, que ele conhecia de vista, havia pedido carona para as duas até o shopping. A mais velha teria então simulado que passava mal e pedido para ir ao banheiro na casa dele, de onde as duas teriam roubado R$ 400 de cima de uma mesa. “Mas o depoimento das meninas era fraco e cheio de divergências. Não foi difícil fazê-las contar a verdade”, afirma Espírito Santo.

O delegado diz que a nova versão contada pelas meninas faz sentido. “Até os pedidos que ele fazia durante o sexo eram os mesmos”, detalha Espírito Santo. “Já temos as provas testemunhais, que são muito fortes, mas vamos conseguir as materiais. Pedi para as companhias telefônicas o registro das ligações entre o acusado e as meninas. Vamos autuá-lo por exploração sexual de adolescentes, que prevê pena de quatro a 10 anos de prisão”, conclui. Dois porteiros do prédio do acusado também foram ouvidos e relataram que semanalmente ele chega em casa na companhia de meninas. O inquérito deve ser concluído em até 30 dias.

O Correio falou com o acusado, que nega tudo. Ele disse que namorou com a garota que é maior de idade entre março e junho deste ano. Ela seria amiga da adolescente de 16, que teria se insinuado para ele várias vezes. Ele manteve a versão do depoimento e se disse vítima de um golpe. As meninas, segundo ele, teriam inventado a história para que suas mães não descobrissem que elas haviam roubado o dinheiro. O servidor se diz tranqüilo e afirma que vai provar sua inocência. Correio Braziliense

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