Após assinar o contrato do pedido de 50 helicópteros feito pelo governo brasileiro, a francesa EADS, controladora da Eurocopter e da Airbus, tem planos de voar mais alto a partir do Brasil. Segundo o presidente da companhia, Louis Gallois, a estrutura vai crescer no país, o que vai abrir espaço para novos projetos e contratos. "Temos um cliente muito importante da Airbus no Brasil, que é a TAM e agora um contrato grande com o governo na Eurocopter, o país é um dos cinco prioritários no mundo para nós atualmente", disse Gallois. "A idéia é que possamos, com essa nova estrutura, fazer mais coisas a partir do Brasil
Gallois, que esteve no país para selar os entendimentos da Eurocopter com o Ministério da Defesa, explicou que o projeto dá uma nova dimensão à operação local. "Com essa base no Brasil, teremos facilidade de buscar mais mercado na América Latina", disse Gallois A parceria para a construção dos helicópteros faz parte de um pacote de acordos entre Brasil e França referendados pelos presidentes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, no início da semana.
A Eurocopter, braço de fabricação de helicópteros da holding, está no Brasil há 30 anos por meio de uma participação de 45% no capital da Helibrás, que tem uma unidade industrial em Itajubá (MG). Com a encomenda de 50 unidades do modelo EC725 feita pelo governo, que vai envolver um montante total de ? 1,9 bilhões em 20 anos, a Helibrás vai ganhar uma musculatura maior. Só o investimento direto da EADS na empreitada é de US$ 300 milhões.
De acordo com Marson Ferreira, diretor-geral da empresa no Brasil, dos 270 funcionários atuais, deve haver um salto para 800 num prazo de quatro anos e a probabilidade é que se chegue a mil funcionários quando o projeto estiver atingindo a maturidade. Além disso, há muitos empregos indiretos envolvidos, já que uma rede de parceiros será montada, pois a expectativa é contratar diferentes fornecedores locais para cada componente. Muitos desses contratados devem ser empresas que fazem parte da rede de fornecedores da Embraer.
"A partir desse crescimento, vamos poder nos mobilizar para ganhar mais mercado na região. Mas não é só na parte de helicópteros que queremos crescer no Brasil, e sim em todas as que atuamos, como defesa e espacial", disse Gallois.
A idéia da EADS é crescer no país em todos os nichos em que atua. "Sabemos que o Brasil planeja construir uma indústria da defesa local e já manifestamos ao ministro nosso desejo de nos tornarmos parceiros nisso", disse Gallois. A operação com os helicópteros pôde ser concretizada, entre outros motivos, porque a companhia francesa foi uma das que aceitou a condição de fazer a construção dos modelos dentro do país, com a chamada transferência de tecnologia.
O presidente da EADS diz que uma das coisas que torna mais viável a produção local é a existência da Embraer, que formou toda uma rede de profissionais e fornecedores locais que será útil ao projeto. Gallois diz que acompanha a Embraer há 20 anos e que manteve, nos últimos meses, algumas conversas com os executivos da companhia, com o intuito de tentar formar futuras parcerias. "A Embraer é realmente uma empresa impressionante e a vemos como uma potencial parceira em projetos locais e globais."
De acordo com o executivo, o Brasil, China e Índia estão entre os cinco ou seis países que representam grande prioridade para a empresa nos próximos anos. No plano estratégico de longo prazo da EADS, a expansão pelo mundo é um grande foco. "Ser uma empresa global é uma parte importante da nossa estratégia", diz. "Queremos imprimir nossas pegadas pelo mundo e claramente o Brasil é uma das principais áreas."