quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Grupo Louis Dreyfus faz planos para elevar produção de etanol


A crise financeira global, que agravou a situação de algumas usinas de açúcar e álcool do país, abriu oportunidades para outras companhias mais capitalizadas do setor sucroalcooleiro. Neste seleto grupo está a francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC), que prospecta investimentos para expandir seus tentáculos neste segmento nos próximos anos.

"O setor oferece agora um número grande de oportunidades. Estamos de olho", afirma Bruno Melcher, presidente do conselho da LDC Bioenergia ao jornal Valor Econômico.


Discreta, a companhia fez sua estréia no setor em 2000, com a compra da usina Cresciumal, de Leme (SP). Depois, adquiriu outras duas usinas, a São Carlos, instalada na cidade que leva o mesmo nome, e a Luciânia, em Lagoa da Prata (MG). No início do ano passado, comprou de uma só tacada os ativos do grupo Tavares de Melo, com cinco unidades produtoras, o que tornou a companhia uma das maiores do setor.


Para 2009/10, o grupo deverá expandir a moagem de cana em 30%, saindo dos 15 milhões de toneladas nesta atual safra para quase 20 milhões de toneladas, afirma Melcher. Essa expansão vai ocorrer com o aumento da capacidade das atuais oito usinas do grupo. "Temos avançado. No ano passado, inauguramos a unidade de Rio Brilhante (MS)", diz.


Com faturamento de US$ 3 bilhões no Brasil e US$ 27 bilhões no mundo (base 2007), a LD Commodities planeja investir até 2010 quase US$ 1 bilhão no país, dos quais uma boa parte será destinado ao setor sucroalcooleiro. Nos últimos quatro anos, o grupo fez aportes de US$ 1,125 bilhão no país para expandir seus negócios agrícolas.


No mercado, circulavam informações de que a Louis Dreyfus poderia se desfazer de seus ativos em açúcar e álcool. Melcher diz que a informação não faz o menor sentido e afirma que a Dreyfus está comprometida com o setor sucroalcooleiro.


A empresa francesa está entre as interessadas em fazer sociedade com o grupo Nova América, que está à procura de um parceiro para levar seus negócios adiante. Segundo Melcher, o grupo não descarta fazer parcerias para elevar os negócios no setor.


No ano passado, o grupo entrou com pedido para abertura de capital na bolsa, mas recuou no início deste ano por conta da situação adversa do mercado. "Ajustamos o timing." E quando o mercado der sinais de melhora o grupo vai retomar os seus planos de ir à Bovespa.


Com sede em São Paulo, a gigante também opera quatro fábricas processadoras de oleaginosas, três fábricas de suco de laranja, dois terminais portuários (Paranaguá e Santos), mais de 50 armazéns graneleiros, e administra de mais de 200 mil hectares de terras, entre pomares de laranja e canaviais.


Fundado em 1851, em Paris, na França, o grupo Louis Dreyfus iniciou suas atividades no comércio de grãos, comprando a produção de fazendeiros franceses para vender na Suíça. Dez anos depois, a empresa já tinha escritórios na França, Alemanha e Rússia e no final do século XIX, já havia iniciado as operações de trading.


No Brasil desde 1905, o grupo atuava apenas no comércio de algodão e trigo. Após adquirir a Comércio e Indústrias Brasileiras Coinbra S/A, em 1942, a companhia expandiu suas atividades também para o comércio de açúcar, produtos cítricos e café. Na década de 90, a empresa ampliou a produção agrícola da área de cítricos e de oleaginosas. No início dos anos 2000, fez sua estréia em açúcar e álcool.

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