quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Siemens mantém investimentos em expansão


A empresa de tecnologia Siemens, que ontem divulgou faturamento líquido R$ 4,6 bilhões no Brasil durante o ano fiscal iniciado em outubro de 2007 e encerrado em 30 de setembro, vai manter seus investimentos de mais de R$ 50 milhões na expansão de duas fábricas de equipamentos para o setor enérgico, situadas em seu complexo industrial em Jundiaí, no interior de São Paulo. "Temos de pensar nas necessidades do País no médio e longo prazos", diz Adilson Primo, presidente do companhia no Brasil, que afastou qualquer freada nos aportes previstos pela empresa em função da crise financeira mundial. "No total, vamos investir entre R$ 120 e R$ 130 milhões no País neste ano, praticamente o mesmo valor do ano fiscal passado", afirma o executivo.

Primo classifica o ano de 2009 como "o momento de aproveitar as oportunidades no segmento de energia, que foi o que mais cresceu em 2008 e continuará em alta no próximo ano". "Os projetos em energia são de longo prazo e nós estamos envolvidos em empreendimentos que estão começando, como grandes hidrelétricas e grandes linhas de transmissão no País", enfatiza o executivo.

Primo ressalta que, para manter o crescimento econômico esperado, o Brasil terá que incrementar a sua matriz energética em 4 ou 5 mil megawatts por ano. "Vamos investir nos nossos negócios de energia para atender essa demanda", afirma.

Para Primo, as atuais turbulências abrem uma janela de oportunidades para a empresa, tanto mercado interno quanto externo. "Nossos clientes, por exemplo, irão investir em tecnologia para melhorar sua eficiência energética", diz o executivo, que também cita a desvalorização do real frente ao dólar como uma grande oportunidade para elevar as exportações da companhia. "As unidades do Brasil irão fornecer equipamentos para as Américas (do Norte, Central e Sul)", comenta. "Nossa prioridade é o mercado interno, mas não vamos virar as costas para o externo", acrescenta. O presidente da empresa espera que o dólar se "estabilize entre R$ 2,10 ou R$ 2,15", câmbio considerado ideal pela Siemens. "Teremos um ganho importante de competitividade", ressalta, ao lembrar que em agosto o câmbio situava-se em R$ 1,60.

Segundo Primo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também irão cumprir papel fundamental no processo de crescimento do mercado atendido pela companhia com sede internacional em Munique, na Alemanha. "O BNDES garante o financiamento de 70% dos projetos de energia, com a vantagem de que o dinheiro disponível é todo em reais, livre do problema de câmbio, além de não levar em conta o risco-País". Ontem, o banco de fomento liberou R$ 900 milhões para o grupo Energias do Brasil (ver matéria abaixo).

Para o presidente da Siemens no Brasil, o PAC foi essencial para "colocar o crescimento na agenda do País". Apesar dos bons olhos em relação à iniciativa do governo, Primo critica o atual marco regulatório do setor elétrico brasileiro. "Falta velocidade e regulação no setor", afirma. "A usina hidrelétrica de Estreito (no rio Tocantins) demorou três anos para conseguir a licença ambiental. Isso tudo trás custos não computados pelo empresário e, se continuar com essa letargia, ninguém vai admitir investir no Brasil", acrescenta o executivo.

Com os novos investimentos em Jundiaí, a empresa pretende ampliar em 50% a capacidade de fabricação de turbinas a vapor (direcionadas para o setor industrial) e em quase 30% a produção de transformadores de energia. "A expansão na unidade de transformadores tornará a unidade a terceira maior fábrica da Siemens no mundo, atrás da Alemanha e da China", compara Primo.

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