quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Governo federal inicia plano de dragagem nos portos catarinenses

Os principais portos de Santa Catarina estão prestes a iniciar obras de aumento de profundidade do seu canal de acesso para que possam receber navios de grande porte. São Francisco do Sul, localizado no norte do Estado, deverá ser o primeiro a ter obras de aprofundamento de 11,4 metros para 14 metros, mas outros portos como Itajaí, Portonave e Imbituba também deverão passar pelo mesmo processo.

Os recursos para todas as obras fazem parte do Programa Nacional de Dragagem, que prevê R$ 1,5 bilhão para os serviços nos principais portos do país e que já foram aplicados em Recife e estão em andamento em Rio Grande (RS) e Santos (SP). A etapa que cabe a Santa Catarina dentro do pacote começou a andar agora com o edital para as obras de São Francisco do Sul (porto de concessão do Estado), previsto para ser publicado hoje, de acordo com informações da Secretaria Especial de Portos (SEP). Os investimentos para este porto somam R$ 113,5 milhões e são exclusivos do governo federal.

Para os portos catarinenses, o início da dragagem de aprofundamento do canal de acesso chega em um momento crucial porque estão diante de um quadro de concorrência cada vez maior dentro do próprio Estado. Hoje Santa Catarina tem quatro portos em operação: Itajaí, Navegantes, São Francisco do Sul e Imbituba. Dos quatro, Navegantes é o único porto privado. No entanto, em Imbituba há um investimento de R$ 283 milhões da Santos Brasil em andamento em um terminal privado, que dará mais competitividade ao porto. E até 2010, um porto privado da Battistella está previsto para iniciar as operações em Itapoá, cidade também no norte catarinense, onde já ficam quatro empreendimentos deste tipo.

"São Francisco precisa se ajustar a uma nova frota de navios que começa a ser usada pelos armadores. Esses investimentos são uma adequação a isso", explica o presidente do porto de São Francisco, Paulo Corsi.

O aprofundamento para 14 metros permitirá que o Estado entre na rota de navios Pos-Panamax que transportam cerca de 7 mil TEUs (contêineres de 20 pés). Hoje, os portos catarinenses estão aptos a trabalhar com navios Pos-Panamax de até 5 mil TEUs.

"Essa obra é extremamente importante porque há cada vez mais joint venture entre armadores. Para ter economia de escala, eles estão aumentando o tamanho dos navios e os portos precisam estar preparados para recebê-los", afirma o diretor-superintendente do TESC, terminal privado em São Francisco do Sul, Gustavo Ferrer. Ele acredita que o aprofundamento possibilitará novos clientes e novas rotas.

Depois de São Francisco, as regiões de Itajaí e Imbituba estão na fila para as obras de aprofundamento do canal de acesso. A intenção é chegar a 14 metros e 15 metros, respectivamente.

Um projeto operacional para aumento de profundidade no complexo portuário de Itajaí foi feito pela Portonave, porto privado que opera em Navegantes (localizado de frente para Itajaí), e depois doado ao porto de Itajaí, de concessão municipal. A Licença Ambiental Prévia (LAP) pela Fatma (órgão estadual de meio ambiente) saiu há cerca de um mês e o edital com recursos de R$ 25, 9 milhões está previsto para ser publicado em novembro, com as obras sendo feitas ao longo de 2010.

Osmari Castilho, superintendente da Portonave, estima que as obras poderão exigir investimentos de R$ 65 milhões, portanto, maiores do que está previsto pela SEP. Ele espera, contudo, que a SEP revise os recursos necessários na ocasião de publicação do edital. Segundo ele, 14 metros seria a medida mínima que atenderia as reivindicações atuais dos armadores. Hoje, o complexo portuário de Itajaí está com 11 metros de profundidade.

"A obra para 14 metros é fundamental para melhor posicionamento no mercado, ainda mais diante de um quadro mais competitivo que está por surgir", reforça o diretor comercial do porto de Itajaí, Robert Graham, disse, referindo-se também aos novos investimentos portuários no Estado.

Para o porto de Imbituba, no sul do Estado, um edital deve sair em novembro. O calado deve passar de 11,5 metros de profundidade para 15 metros. De acordo com a SEP, o porto receberá até 2011 um total de R$ 52,3 milhões, recursos revistos em relação ao projeto inicial, de R$ 6,9 milhões. Caio Correa, diretor administrativo da Santos Brasil, principal terminal privado da região, entende a competição dos portos de forma mais geral (não apenas no contexto regional) e diz que "a corrida para aprofundamento dos acessos já começou, depois que as obras com o mesmo fim em Santos (SP) foram iniciadas", na semana passada.

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