terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Vendas crescem 6,25%


Renda e crédito em alta, inflação controlada e real valorizado fizeram com que o brasileiro comprasse mais de janeiro a novembro do ano passado


Mesmo sem contar ainda com o resultado de dezembro, período especialmente favorável ao comércio, não há dúvidas de que o varejo brasileiro teve um ano muito bom em 2006. O aumento da renda, especialmente do salário mínimo, a oferta de crédito, a valorização do real sobre o dólar e a inflação controlada impulsionaram os brasileiros às compras. Entre janeiro e novembro do ano passado, as vendas cresceram 6,25% e o faturamento foi 7,5% maior, conforme mostrou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O setor continua no ritmo da retomada iniciada em 2004”, avalia o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Nilo Lopes, para quem os dados acumulados de janeiro a novembro e em 12 meses — nesse caso, altas de 6,1% e 7,58% em vendas e faturamento — já permitem afirmar que o ano passado foi positivo para o varejo. Com o câmbio favorável, no entanto, as importações ficaram com parte da demanda dos consumidores. Daí a indústria nacional não ter avançado na mesma toada do varejo (leia mais na página 14).

O efeito renda é particularmente visível em setores que dependem do bolso do consumidor, como é o caso dos supermercados. Pelo impacto no desempenho do varejo como um todo, esse segmento — que cresceu 7,64% no acumulado de janeiro a novembro — é o principal indicador do sucesso do varejo no ano passado. Resultado beneficiado pela estabilidade de preços de produtos básicos.

Mas áreas onde o crédito é um fator importante também mostraram boa performance. Móveis e eletrodomésticos tiveram vendas 10,93% maiores que nos primeiros 11 meses de 2005. Artigos de uso pessoal, o que inclui as lojas de departamento, artigos esportivos e brinquedos, venderam 17,64% a mais no mesmo período.

É inegável, porém, o impressionante resultado em equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação. Calcado na venda de microcomputadores, o comércio nesse setor avançou 32,25% entre janeiro e novembro de 2006. Além de contar com um dólar mais favorável — e boa parte dos componentes dessas máquinas são importados —, e com maiores parcelamentos, o mercado de informática foi beneficiado pela isenção fiscal e linhas de financiamentos.

“Foi o nosso melhor ano. Os incentivos do governo e a concorrência ajudaram na queda dos preços, mas ganhamos muito no volume vendido. E estamos esperando mais um ano muito bom em 2007, tanto que vamos abrir duas novas lojas”, comemora a gerente comercial da CTIS, Erika Rocha. Só a isenção de PIS e Cofins, no segundo semestre de 2005, reduziu de imediato os preços em 9,25%. E essa medida foi complementada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ofereceu R$ 300 milhões em financiamentos para que as lojas adquirissem as máquinas dos fabricantes, num programa que já foi renovado (leia matéria abaixo).

E mesmo sem os dados nacionais de dezembro, os comerciantes brasilienses, que também vivem o bom momento do país, já puderam comemorar um Natal acima das expectativas. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF, Antonio Augusto de Moraes, as vendas em dezembro foram 6,8% maiores do que as de dezembro de 2005. “Temos setores com preços quase 20% mais baixos que em 2005 e o poder de compra do consumidor no DF aumentou. Isso fez com que todos os segmentos crescessem”, afirma.


Recuperação em Brasília

O comércio do Distrito Federal voltou a mostrar sinais do antigo fôlego que embalou as vendas no primeiro semestre de 2006. Em novembro, as vendas do varejo local cresceram 3,8% em relação ao mês anterior, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado positivo é o primeiro registrado desde julho, principalmente com a recuperação nas vendas dos super e hipermercados — segmento com maior peso no comércio —, que amargavam quatro meses de redução significativa no volume de vendas.

O crescimento acentuado nas vendas, observado no primeiro semestre, começou a segunda metade do ano com uma forte puxada nas rédeas devido ao desempenho negativo nos hiper e supermercados. Entre julho e outubro, foram quatro retrações consecutivas enquanto o segmento comemorava altas significativas nas vendas no mesmo período. Em novembro, porém, o IBGE registrou crescimento de 1,83% no volume vendido, diante do mesmo mês de 2005, número que contrariou as expectativas feitas para a reta final do ano.

O técnico da Área de Comércio e Serviços do IBGE, Nilo Lopes de Macedo, afirma que não há uma razão clara para as sucessivas quedas no segmento brasiliense ao mesmo tempo em que, na média nacional, registrava altas significativas. Ele afirma que o cenário mantém-se favorável e com perspectivas de permanecer assim ao longo dos primeiros meses de 2007. "É um cenário duradouro, que vem se repetindo nos últimos três anos, e que aumenta a confiança do consumidor na hora de comprar", explica.

Segmentos mais sensíveis à oferta de crédito apresentam altas expressivas nas vendas. É o caso das lojas de móveis e eletrodomésticos, que tiveram um novembro com crescimento de 20,58% em relação ao mesmo mês de 2005. As concessionárias de motos e veículos e as lojas de autopeças também tiveram elevação de 27,14% no volume comercializado.

Dobra verba para computador

As linhas de financiamento do programa que mais acelerou as vendas de computadores no Brasil nos últimos anos serão mantidas pelo governo federal até 31 de dezembro de 2008. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) confirmou ontem a extensão do projeto Computador para Todos, desenvolvido pelo governo federal para financiar a compra do equipamento pela população em condições mais favoráveis do que as apresentadas pela indústria.

O banco também dobrou o valor total da verba destinada à rede varejista para a venda de computadores, elevando o total para R$ 600 milhões. Na prática, o setor terá aproximadamente R$ 300 milhões a mais disponíveis para o financiamento.

Além de sinalizar a intenção de manter o foco na inclusão digital, o anúncio mostra que o governo está otimista com o crescimento da procura da população brasileira pelos computadores do programa. “Houve uma avaliação positiva do programa por parte da diretoria do BNDES. A alta procura pelos financiamentos, com a contratação de R$ 176 milhões em menos de um ano, fez com que o banco tomasse a decisão de ampliar a linha. Tem que se lembrar também que a isenção tributária para o programa vai até 2009, então o projeto durará pelo menos até lá”, conta César Alvarez, mentor do projeto.

O Computador para Todos mira o brasileiro que ainda não possui computador. Ao estabelecer uma configuração mínima para as máquinas e abrir caminho para o software livre (gratuito, ao contrário do concorrente Windows da Microsoft), o governo conseguiu fazer chegar às prateleiras um produto com preço bem mais em conta para o consumidor. Para poder ter a ajuda do crédito público, o equipamento deve custar, no máximo, R$ 1,4 mil, praticamente metade do preço médio praticado nesse ramo.

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