quinta-feira, 31 de julho de 2008

Indústria cresce 3% em junho e Fiesp revisa projeções


A forte expansão da indústria paulista em junho, de 3,1% em termos ajustados, levou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a elevar a previsão de crescimento do Indicador do Nível de Atividade (INA) em um ponto percentual, para 6,5% em 2008.

Considerando os dados sem ajuste sazonal, a alta foi de 1,9% em relação a maio. Foi a variação mais expressiva para meses de junho de toda a série, iniciada em 2002. A elevação no primeiro semestre deste ano, de 8,8%, também é a maior para esse intervalo desde 2004, quando o indicador apontou aumento de 11,4%.

No mês passado ,a Fiesp havia divulgado queda de 2,7% na atividade de abril para maio deste ano, o que levou o Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp à conclusão de que a indústria paulista teria iniciado processo de desaceleração e o indicador fecharia o ano com taxa de crescimento de 5,5%, abaixo dos 6,3% verificados no ano passado.

"O resultado de junho nos surpreendeu e colocou dúvidas - positivas - a respeito da nossa avaliação anterior", diz Paulo Francini, diretor do Depecon da Fiesp. O resultado foi puxado principalmente pela expansão das vendas reais, de 8,4% em relação a maio. No confronto com junho do ano passado o aumento foi de 12%.

Apesar de os números indicarem um ritmo de crescimento robusto do setor, a Fiesp continua apostando em uma "acomodação" da atividade em níveis mais modestos. Segundo Francini, o alto nível de inflação, a escalada do juro básico e a valorização cambial devem afetar a indústria em algum momento, podendo haver sinais de arrefecimento ainda no terceiro trimestre, período que costuma ser tradicionalmente aquecido no setor produtivo.

"Não estamos em situação dramática, o problema é o plantio que está sendo feito para 2009", afirma. Ele voltou a reforçar que a valorização do real frente ao dólar é a variável mais nefasta para a competitividade, e a que traz também efeitos mais rápidos e eficazes para o combate da inflação. Segundo ele, ao elevar a Selic o Banco Central acaba induzindo a apreciação cambial. "O câmbio é a cortisona do BC para combater a inflação. Assim como o remédio, tem efeitos inegáveis, mas as contra-indicações são enormes", comparou.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada dos setores mais representativos da indústria paulista continua alto, o que levou o indicador agregado a um patamar de 83,7%, bem acima do nível de 82,8%, verificado em junho de 2007. Para Francini, o indicador continua condizente com o nível de atividade e não preocupa em relação à inflação.

Alguns setores, no entanto, se mostram mais afetados pela alta de preços, diz. Em alimentos e bebidas a atividade caiu 0,6% de maio para junho, com ajuste sazonal. No acumulado do primeiro semestre a retração é de 4,8%, com vendas 14,7% menores do que as apuradas na primeira metade de 2007.


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