terça-feira, 8 de julho de 2008

PF nega abuso em prisões de Dantas, Pitta e Nahas


O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz afirmou em entrevista coletiva que não houve abusos nas prisões do banqueiro e proprietário do banco Opportunity, Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do empresário Naji Nahas. Mais cedo, o advogado do banqueiro havia afirmado que a prisão de seu cliente foi "ilegal, arbitrária e desnecessária".

O delegado, que conduziu as investigações, afirmou que Nahas e Pitta teriam contado com o apoio de alguns doleiros em São Paulo para criar um "mercado de câmbio informal".

Propina
Queiroz confirmou a denúncia do Ministério Público Federal de que Daniel Dantas teria oferecido propina a um delegado para que seu nome fosse retirado das investigações após a publicação de uma matéria do jornal Folha de S.Paulo em abril. Segundo ele, isso demonstra "a audácia da organização criminal". O delegado afirmou ainda que R$ 1 milhão foram apreendidos na casa de um doleiro e que a origem desse dinheiro será investigada.

"É um trabalho que demandou muito tempo, muito complexo. Chegamos a um resultado satisfatório para a sociedade e em especial para o País, mostrando que estamos atentos a esse tipo de situação e não quedamos a qualquer tipo de intimidação", disse.

Segundo a Polícia Federal, o cabeça da organização seria Daniel Dantas, mas nem mesmo ele saberia a dimensão das operações realizadas pelo grupo. Segundo ele, ainda não há como saber o total movimentado pelo grupo, mas o número chegaria a alguns bilhões de dólares.

O procurador-geral da República, Rodrigo de Grandis, afirmou que "se criou um fundo vinculado às Ilhas Caimã que proporcionou investimentos de brasileiros no exterior, sem que se declarassem às instituições competentes". Segundo ele, a administração feita dessa forma se caracteriza "uma gestão fraudulenta". Além disso, de acordo com o promotor, o grupo responderá também por evasão de divisas.

Origem
Segundo o procurador, existe uma conta que é movimentada por Nahas em benefício de Pitta. Mas ele ressaltou que não pode especificar a origem ou destino do dinheiro. De acordo com o procurador, "a investigação caminha para apurar a lavagem de dinheiro, num segundo momento".

O delegado Protógenes Queiroz disse que "ao investigar as duas grandes organizações criminosas que existem no País, me deparei com Celso Pitta recebendo recursos no Brasil do administrador Naji Nahas". "Não dá pra afirmar que esse recurso que identificamos seria advindo de desvios de quando ele era prefeito. Mas ele não tem uma atividade hoje que justifique o recebimento desses valores". De acordo com o delegado, "há fortes indícios de que seja um dinheiro sem origem".

O procurador afirmou que se os recursos forem considerados como procedentes "de lavagem de dinheiro, aí serão considerados também os crimes de lavagem". Segundo ele, essa origem é investigada pela Polícia Federal.

Poder executivo
Segundo o promotor, duas pessoas atuavam como ligação entre a organização e o poder executivo: Guilherme Sodré e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal. "Ele (Greenhalg) participa dessa articulação de forma a descobrir informações sigilosas", disse. "O MP entendeu que ele participava da organização. Ele tinha o apelido de Gomes. Mas o juiz federal entendeu que ainda não era necessário o pedido de prisão dele."

Operação Satiagraha
Segundo a assessoria de imprensa da PF, Daniel Dantas foi preso em seu apartamento em Ipanema, na zona sul do Rio. Celso Pitta e Nahas foram presos em São Paulo. A operação Satiagraha investiga os desdobramentos do caso mensalão e as empresas possivelmente beneficiadas por Marcos Valério.

Os três detidos na operação durante a manhã, segundo a PF, integram uma organização criminosa, supostamente envolvida em corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal.

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