terça-feira, 29 de julho de 2008

Petrobras abre, na BA, 1ª- usina de biodiesel


A primeira usina de biodiesel da Petrobras entra oficialmente em operação hoje em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador. Na inauguração, às 10 horas, que contará com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também será empossada a diretoria da Petrobras Biocombustível, nova empresa criada pela companhia estatal de energia para reforçar o compromisso com o meio ambiente e a atuação nesse segmento, no qual estão previstos investimentos de US$ 1,5 bilhão até 2012.

A unidade de Candeias é a primeira de três usinas da Petrobras Biocombustível a produzir em escala comercial. As outras duas - em Quixadá, no Ceará, e Montes Claros, em Minas Gerais - estão em fase final de testes e devem começar a produzir biodiesel até o final de agosto.

Com capacidade de produção de 57 milhões de litros por ano, a usina de Candeias recebeu investimentos de R$ 101 milhões. As unidades de Quixadá e Montes Claros também o mesmo tamanho. Quando estiverem a plena carga, as três usinas vão produzir 170 milhões de litros de biodiesel por ano, totalizando um investimento de cerca de R$ 300 milhões.

Embora o objetivo seja obter o máximo de matéria-prima possível de agricultores familiares, segundo a diretora de gás e energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, a usina de Candeias está dando partida com 100 mil toneladas de óleos vegetais de dendê, soja, algodão e sebo bovino, fornecidos por produtores ligados ao agronegócio. "Isso é enquanto os agricultores familiares se desenvolvem para atender os volumes contratados", explica Foster.

A planta baiana pode operar com matérias-primas de origem vegetal (mamona, girassol, soja e algodão), animal (sebo bovino, suíno ou de frango), ou óleos e gorduras residuais usados em fritura de alimento.

De acordo com Foster, os 25.639 mil agricultores de 215 municípios baianos e 3.283 de 49 municípios sergipanos - contratados pela Petrobras Biocombustível por intermédio de cooperativas para fornecer grãos de girassol, mamona e dendê - começam a entregar as matérias-primas a partir de outubro e novembro deste ano. A meta é que, no mínimo, 58% do valor total de compra da matéria-prima seja adquirido da agricultura familiar, para atender as exigências do Selo Combustível Social.
"Nem todo o fornecimento pode se basear na agricultura familiar pela necessidade de robustez para atender o mercado de combustíveis o ano todo", diz a diretora da Petrobras.

A usina de Candeias apresenta características que a diferenciam de outras unidades produtoras de biodiesel instaladas no Brasil. Possui um sistema de instrumentação e controle totalmente automatizado e flexibilidade para matérias-primas que podem ser usadas no processo produtivo e também no sistema de processamento de óleos vegetais brutos. A unidade de pré-tratamento processa, de forma contínua, os óleos brutos de diversas oleaginosas e a gordura animal de diferentes origens. "Esse sistema permite que a Petrobras compre o óleo bruto diretamente de agricultores familiares", informa a diretora a diretora de gás e energia.

Pinhão manso fora da lista

Para Foster, o grande desafio do produção de biodiesel é a estruturação da cadeia produtiva, "principalmente quando se precisa trabalhar com agricultura familiar". Com relação à reclamação de empresários, que depois de investirem em pinhão manso não estão vendo a oleaginosa sendo contemplada nos projetos de biocombustíveis da Petrobras, a diretora da estatal explica que ainda estão sendo feitos estudos sobre o pinhão manso nos centros de pesquisas, embora a potencialidade da oleaginosa seja admitida. "O pinhão manso é uma oportunidade em caráter experimental, que ainda não está em nossa carteira. Mas isso não quer dizer que não a compraremos", afirmou Foster.

Aquisições e parcerias

O plano estratégico da Petrobras Biocombustível prevê a produção de 960 milhões de litros de biodiesel até 2011. Como a atuação da companhia no segmento será com ativos próprios, o presidente da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec - ele será empossado hoje -, admite o investimento em novas usinas, além das três que entram em operação este ano, podendo haver ainda aquisições ou parcerias. "No planejamento estratégico da Petrobras para 2008/2012 está prevista a produção de biodiesel em usinas próprias, mas, como ele está sendo rediscutido, talvez haja a possibilidade de futuras aquisições ou parcerias", disse. Foster, por sua vez, acredita, que a meta do planejamento estratégico possa ser cumprida, com o aumento de produção se dando em plantas próprias. Segundo ela, a usina de Candeias foi concluída num prazo de nove meses pela Petrobras.

Álcool para o exterior

Além de pretender ser líder na produção nacional de biodiesel, a Petrobras Biocombustível, que ficará sediada no Rio de Janeiro e terá 250 funcionários, terá a responsabilidade de ampliar a participação da estatal de energia no negócio de álcool combustível com foco no mercado internacional. Para evitar a estatização do setor, a companhia vai participar de projetos como "sócio minoritário relevante", com direito à participação na gestão do negócio.

Fechado no início de julho, o primeiro negócio é a usina Itarumã, no município de mesmo nome em Goiás. Participam como sócios do empreendimento a brasileira Cerrado Açúcar e Álcool (60%), a japonesa Mitsui (20%) e a Petrobras Biocombustível (20%). O investimento é de US$ 227 milhões e a planta terá capacidade de produzir 200 milhões de litros de etanol por ano. Em 2012, a meta da Petrobras Biocombustíveis é produzir 4,75 bilhões, com a entrada em operação de mais 22 Complexos Bioenergéticos (CBios), como o de Itarumã, empreendimentos em parceria com produtores brasileiros e conglomerados internacionais para a produção de etanol para exportação.

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