quinta-feira, 17 de julho de 2008

Presidente avaliou a reação para evitar dano à imagem


A defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez do delegado Protógenes Queiroz não foi de improviso. Menos de 24 horas depois do anúncio do afastamento do homem que pôs o banqueiro Daniel Dantas na berlinda, Lula foi informado por auxiliares que a saída de Protógenes prejudicaria a imagem do governo. O publicitário João Santana, consultor do governo, estava na linha de frente dos assessores ouvidos no Palácio do Planalto.

A análise recebida por Lula não deu margem a dúvidas: aos olhos da sociedade, o afastamento de Protógenes passa a idéia de que o governo quer esconder alguma coisa na investigação sobre crimes financeiros e desvio de recursos públicos. O presidente saiu das conversas convencido de que o delegado só foi afastado por causa da guerra entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Protógenes tem a confiança de Paulo Lacerda, que comanda a Abin, mas vivia às turras com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Correa. Na prática, as investigações da Operação Satiagraha começaram há cerca de quatro anos, quando Lacerda ainda chefiava a PF. Subordinado ao ministro da Justiça, Tarso Genro, Correa não brecou a Satiagraha, mas, na versão de Protógenes, também não forneceu meia centena de homens para reforçar a operação, conforme solicitado. O delegado convocou, então, agentes da Abin para a tarefa. Compartilhou com arapongas dados sob segredo de Justiça.

VAIVÉM

O gesto irritou Correa e Tarso, que acabaram perdendo o controle da Satiagraha. Mas Lula ficou furioso com a notícia de que pressões do governo empurraram Protógenes para fora do caso. Não foi só: a tentativa do grupo de Correa de neutralizar Paulo Lacerda - que defendia a permanência do delegado - desagradou a Lula. O presidente aprecia o trabalho do diretor-geral da Abin, sempre elogiado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.

Antes de escancarar a insatisfação com a degola de Protógenes, Lula pediu a Tarso que acertasse com a Polícia Federal a volta do delegado e desmentisse as informações sobre a saída compulsória.

Contrariado, o presidente disse ao ministro que o governo não poderia arcar com o ônus de uma iniciativa desastrada da corporação. Mais: alegou que, "na cabeça das pessoas", a troca de Protógenes alimentaria versões infundadas de que o Planalto agiu para esconder a sujeira embaixo do tapete depois da divulgação de conversas grampeadas entre petistas.

A essa altura, porém, o delegado Ricardo Saadi, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros da PF de São Paulo, já havia sido anunciado como substituto de Protógenes. A PF negou-se a rever a indicação. A situação criou constrangimento para Tarso e reacendeu a crise. Na tentativa de espantar o mal-estar político, o ministro repetiu à noite que Protógenes deixou o cargo por iniciativa própria. Seguiu orientação de Lula, que, após distribuir broncas, mandou o auxiliar desfazer a rede de intrigas sobre o afastamento do delegado

1 Comentários:

  • sexta-feira, 18 julho, 2008
    Anônimo Disse:

    Leitura fundamental a respeito:
    http://oleododiabo.blogspot.com/2008/07/desvio-do-foco.html

    delete

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