quarta-feira, 2 de julho de 2008

Presidente do STF aumenta críticas à ação dos federais


Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, diz que divulgação dos candidatos com ficha suja é “populismo de índole judicial”, e os vazamentos, “coisa de gângster”.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, conseguiu aumentar a temperatura do conflito com a Polícia Federal. Na entrevista de ontem, na qual pretendia fazer um balanço das atividades do judiciário nesse primeiro semestre do ano, Mendes disse que o vazamento de informações sobre investigados é "coisa de gangster e não de agentes do Estado" e cobrou do presidente Lula; do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, a atualização de uma lei de 1965, que combate a prática de abuso por policiais. A resposta da polícia foi dura:

– Ataques à Polícia Federal não interessam a quem quer ver a investigação evoluir para processar e julgar aqueles que, até recentemente, não eram alcançáveis pela lei – disse o presidente da Associação Nacional dos Delegados da PF (ADPF), Sandro Avelar.

Mendes, criticou, também, a divulgação de uma lista de candidatos com a "ficha suja" e classificou a publicidade como "populismo de índole judicial".

– Eu tenho horror a populismo e muito mais a populismo de índole judicial – disse. – Então, não me animo a ficar fazendo esse tipo de lista porque tenho medo de cometer graves injustiças. Uma injustiça que se cometa já será suficiente para questionar esses procedimentos.

Para o presidente do STF, há um quadro de intimidação gerado pelos vazamentos, que classificou como verdadeiros "atos terrorismo".

– É preciso encerrar com esse quadro de intimidação. É fundamental que o presidente da República, o ministro da Justiça e o diretor da Polícia Federal ponham cobro a esse tipo de situação – disse o presidente do STF.

Operação Navalha

Afirmou, ainda, que os vazamentos têm a finalidade de retaliar o judiciário e se colocou junto às vítimas ao lembrar que seu nome foi citado, equivocadamente, entre os envolvidos com o esquema de corrupção desbaratado pela Operaçao Navalha, no ano passado, na qual foram presas mais de 40 pessoas, entre elas o dono da Construtora Gautama, Zuleido Veras. O presidente do STF também citou os nomes dos ex-ministros Sepúlveda Pertence e Carlos Velloso como vítimas de vazamentos sobre investigações não comprovadas depois.

– Que tipo de terrorismo lamentável! – exclamou Mendes.

Depois da entrevista, o presidente do STF recebeu, em seu gabinete, o diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, um encontro que, segundo as assessorias, havia sido agendado dias antes. A pauta incluía "assuntos institucionais", entre eles o tema do vazamento. Corrêa não quis dar entrevista. Sua assessoria informou que ele não trataria do assunto pela imprensa. A resposta coube ao delegado Sandro Avelar, que representa a categoria:

– O presidente do Supremo tem por dever de ofício ser o homem mais ponderado do Brasil – argumentou. – Imputação dessa gravidade impõe que ele (Gilmar Mendes) aponte o nome de quem quer que seja para que possamos, como sempre fazemos, apurar.

Mais respeito

Avelar cobrou respeito à Polícia Federal e disse que o descrédito ao trabalho da polícia não interessa à sociedade. O delegado lembrou que essa não é a primeira vez que o presidente do STF ataca a PF por intermédio dos veículos de comunicação.

– São declarações tão virulentas que podem prejudicar um trabalho que vem sendo bem feito – lamentou. – O respeito tem que partir de todos, principalmente de quem é referência. Esse tipo de expressão é inadequada.

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